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domingo

Reflexão Para o Ano Novo


Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará! Andai prudentemente, não como néscios, mas como sábios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus. Não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor.

Estas vigorosas afirmativas são do Apóstolo Paulo (Efésios 5:14-17), que despertou para a fé no glorioso encontro com Jesus, às portas de Damasco, tornando-se o grande bandeirante do Evangelho.

Foi o cristão mais acordado de seu tempo. Via nos ensinamentos de Jesus não um simples desdobramento dos princípios judeus, de valor temporal e restrito, mas uma revelação divina que se destinava a todos os povos e todos os tempos.

Suas observações merecem reflexão. Como sabemos há um objetivo para a existência humana. 

Estamos aqui, fundamentalmente, para evoluir. Cumpre-nos desenvolver as potencialidades criadoras e as virtudes embrionárias que caracterizam nossa filiação divina.

Quem não está consciente disso dorme o sono da indiferença, embalado nos devaneios sugeridos pelos vícios, paixões, interesses e ambições que caracterizam o homem comum, mesmo quando se julgue desperto e muito esperto.

Diz o empresário:

– Estou acordado! Tenho iniciativa! Guardo sob minhas ordens milhares de funcionários, trabalho dezesseis horas por dia, movimento milhões, aumento cada vez mais meus patrimônios!

Diz a jovem imatura:

– Estou acordada! Divirto-me, passeio, namoro, adoro a madrugada, curto a vida!

Diz o viciado em drogas:

– Estou acordado! Sou capaz de viajar para o céu quando queira, ampliando minhas percepções e experimentando a plenitude da euforia!

Diz o homem do mundo:

– Estou acordado! Sei defender meus direitos. Jamais permito que me passem para trás. Dou um boi para não entrar em briga, uma boiada para não sair dela. Não levo desaforo para casa.

Pobres tolos! Proclamam-se acordados. São sonâmbulos que falam e ouvem!

Pensam que sabem tudo. Não sabem nada!

Imaginam ter tudo sob controle. Mergulham num oceano de inconsequências!

Acalentam sonhos ilusórios. Amargo será seu despertar!

Um ano se encerra com seu acervo de experiências, com suas realizações e frustrações, com seus momentos bons e maus…

Um ano se inicia com sua carga de esperanças.

Isso é bom. A esperança é o facho sagrado que aquece o presente e ilumina o futuro. Mas é preciso analisar o que esperamos no novo ano, a saber se estamos cultivando esperanças legítimas ou meras ilusões. Que paremos por instantes e nos perguntemos, lembrando o apóstolo:

– Estou acordado? Tenho consciência do que faço na Terra e do que me compete realizar?

Isso é fundamental. Caso contrário vamos incorrer nos mesmos enganos, cometer os mesmos erros; entrar pelos mesmos desvios, sem perceber por onde andamos e o que nos compete fazer.

Se despertarmos, Cristo nos iluminará – diz Paulo.

Essa é a grande bênção do despertar.

Mas a luz do Cristo é também o grande teste para saber se estamos despertos. Basta confrontar o que somos e o que fazemos com o que Jesus fazia e recomendava.

Perdão, mansuetude, compreensão, tolerância, bondade, caridade, amor, são as luzes do Cristo.

Serão as nossas luzes? Estamos iluminando e aquecendo nossas almas, com esse fogo sagrado?

Diz Paulo:


Andai prudentemente, não como néscios, mas como sábios.

Néscio é um adjetivo forte, pejorativo. Significa ignorante, inepto, insensato, incapaz.

Sábio é aquele que vê além das aparências. É alguém atento à necessidade de aprender sempre. 

Começa na consciência da própria ignorância. Sócrates, o pai da filosofia, considerado o homem mais sábio de seu tempo, dizia:

– Não sei por que me consideram sábio, porquanto toda a minha sabedoria consiste apenas em saber que não sei nada.

É a partir da reconhecimento de nossas limitações e do empenho por superá-las que começamos a despertar para a vida em plenitude.

É preciso, para isso, aproveitar o tempo, superando o milenário torpor que caracteriza o homem terrestre, buscando nosso crescimento moral, intelectual e espiritual.

Paulo nos recomenda que não percamos as oportunidades, porque, como diz, os dias são maus. Os cristãos, minoria no Império Romano, viviam em permanente expectativa de perseguições religiosas movidas pelos pagãos.

Eram dias difíceis, dias de sofrimentos, mas também dias de gloriosos testemunhos da fé para aqueles homens acordados, conscientes do que queriam, do que lhes competia fazer.

Os que buscam vivenciar em plenitude o Evangelho sempre encontrarão dias maus, já que a Terra é um planeta de expiações e provas, onde as forças das sombras pretendem sustentar domínio, explorando as tendências inferiores da Humanidade.

É preciso, diz Paulo, aproveitar as oportunidades e fazer o melhor, considerando algo fundamental:

Não são aqueles em que enfrentamos o mal os piores dias.
São os dias em que não cultivamos o Bem.

Por isso – recomenda –, não sejais insensatos, mas procurai compreender a vontade de Deus.

Para aquele que está desperto, é fácil saber qual é a vontade de Deus. Está expressa no Evangelho, a Carta do Amor Divino.

Temos nas palavras de Paulo um bom roteiro para nossas reflexões, a saber se estamos despertos e conscientes ou dorminhocos incorrigíveis, repetindo os mesmos enganos de sempre, próprios de sonâmbulos que não sabem o que fazem, nem por onde andam ou o que falam.

Mas também não precisamos solenizar o assunto, tornando-nos fanáticos inconvenientes. O perigo mora aí! O fanatismo nos leva a adotar posturas rígidas e antipáticas, e a criticar o comportamento alheio, cultivando a pretensão de ditar normas e padrões de conduta, como se fôssemos os donos da verdade.

Nesse aspecto, oportuno lembrar a oração de uma madre superiora esclarecida e comunicativa, consciente de suas limitações.

Sua prece é uma obra prima de bom humor e perfeita compreensão do que lhe competia fazer para viver o Evangelho.


Senhor, Vós sabeis melhor do que eu que estou envelhecendo e um dia ficarei velha. Não permitais que eu me torne tagarela e, principalmente, que adquira o hábito fatal de pensar que devo dizer alguma coisa sobre todos assuntos, em todas ocasiões.

Livrai-me de querer, a todo momento, resolver os problemas de toda gente. Conservai minha mente livre da enumeração de intermináveis pormenores: dai-me asas para ir diretamente ao assunto.

Imploro a delicadeza suficiente para ouvir as narrativas dos males alheios. Ajudai-me a suportá-los com paciência.

Mas selai meus lábios quanto a meus próprios achaques e dores. Eles estão aumentando, Senhor, com o peso dos anos.

Ensinai-me a maravilhosa lição de que às vezes pode ser que eu esteja errada.

Conservai-me razoavelmente meiga; não quero ser uma santa – algumas são tão difíceis de suportar! – mas uma velha amargurada, Senhor, é uma das obras-primas do diabo.

Fazei-me ponderada, mas não carrancuda. Prestativa, mas não mandona. Com todas as minhas vastas reservas de sabedoria, será uma pena não usar todas.

Mas Vós sabeis, Senhor, que no fim quero ter alguns amigos.


Richard Simonetti
Do livro O Destino em Suas Mãos

segunda-feira

FINADOS: Uma reflexão mais profunda...



Finados na Visão Espírita

Todos os anos, na época em que se aproxima o dia de finados, muitas pessoas questionam nós espíritas, querendo saber se devem ou não ir ao cemitério? O Espiritismo é uma doutrina educadora e libertária. Ela não nos proíbe e nem exige nada de ninguém, apenas nos informa em relação as leis da vida e seus mecanismos, para que, depois, cada um faz aquilo que sua consciência permitir ou determinar. 

Nesse sentido, o Espiritismo esclarece-nos quanto aos aspectos mais profundos do entendimento existencial. Considera com muita propriedade que no túmulo não é o lugar que os espíritos moram ou ficam. Dependendo da data do sepultamento, às vezes, nem corpo existe mais ali.

Sabemos com nossa doutrina e com os posicionamentos dos Benfeitores Espirituais, que os espíritos de nossos entes queridos e amigos, assim como todos os demais espíritos, estão muito vivos e ficam, geralmente, à nossa volta com os quais nos acotovelamos todos os momentos. Ninguém morre. Deus não tem nenhum filho(a) morto(a). Todos vivem e se não estão materializados conosco estão vivendo em algum lugar nesse imenso Universo, que é a casa do Pai, onde, segundo Jesus, existem muitas moradas.

Cabe a nós espiritualistas, nos libertarmos dos atavismos firmados no período do entendimento da fé cega e, agora, sabedores das verdades espirituais novas, assimilarmos esses conhecimentos e criar novos hábitos para exaltarmos a vida e não a morte das pessoas que amamos e por elas somos amados.

Racionalmente, chegamos a conclusão que o cemitério não é o melhor lugar para os espíritos nos reencontrar e serem homenageados, sobretudo se tiverem recém-desencarnados. A aproximação deles junto do lugar onde estão os seus despojos carnais ainda trarão a eles um desconforto e constrangimento muito grande. Muitos nem suportam ficar ali por perto por muito tempo. 

Existe uma maneira muito singela, amorosa, fraterna que podemos habituar a fazer para que os espíritos familiares e amigos possam sentir lembrados e homenageados por nós, não só em finados, mas todos os dias: uma prece sincera em favor da harmonia, paz e de que estejam felizes ao lado da família espiritual deles. 

Podemos também colocar em nossos lares e/ou local de seu antigo trabalho, um recadinho do coração, uma flor perto de um porta retrato com a foto do desencarnado. Assim sentirão lembrados, amados e fortalecidos por ver que estamos exaltando a vida e não a morte.

Sempre virão ao nosso encontro os espíritos dos nossos parentes e amigos desencarnados? Não! Muitos deles, demoram para aproximar dos entes queridos que ficaram na Terra, pois isso depende das condições espirituais em que se encontram e das possibilidades de vir junto dos familiares e amigos. Outros nem querem vir, pois muitas vezes nossos sentimentos não são sinceros, e o Espírito não se interessa por essa hipocrisia, eles veem muito mais pelo pensamento e sentimento puro.

Sabemos que tudo o que se faz no cemitério, não passa em muitos casos de demonstração de posses materiais. Seja para demonstrar para a sociedade uma atitude de respeito, às vezes desprovida até de sinceridade.

Portanto, todos são livres para fazer o que acham que devem, principalmente sendo de coração aberto e sincero, numa legitima demonstração de amor.

Então. Que tal aprendermos a referendar os nossos mortos-vivos em nossa casa recolhidos com a família e em prece proferida com sentimento? Aproveitar a oportunidade de amor e carinho entre os que ainda estão encarnados para mostrar a harmonia e a fraternidade dos descendentes que possibilitam um sentimento mais elevado ao desencarnado.

Preciso ainda lembrar que muitos espíritos que se encontram no Mundo Espiritual não ligam a mínima para certos fatos que a nós encarnados enche de orgulho, pois, muitos deles, estão acima das nossas conveniências e ilusões terrenas.

Uma pergunta para encerrar nossa reflexão. Quando você partir desse mundo, onde você gostaria de ser lembrado e reencontrar com os seus amigos e familiares, no cemitério ou em um lugar que só te inspira boas lembranças?

Então vamos lembrar de nossas almas queridas, exaltando a vida e não a morte.


"Ismael Batista da Silva"


**********
Ismael é da cidade Guaxupé, estado de Minas Gerais.

De berço espírita, aposentado em escola particular, ex-vereador de São José do Rio Pardo - SP, é palestrante motivacional, capacitador de cursos e treinamentos em Vendas, Oratória, Liderança, dentre outros. 

Como expositor espírita atua há vinte e seis anos e tem dado expressivo destaque no campo do relacionamento humano. Seus trabalhos tornaram-se muito apreciados, pois são bem humorados, recheados de alegria e exemplos práticos do cotidiano, motivando, desta forma, grandes públicos a aproveitarem bem a existência física atual.


É autor de dois livros: Vencendo Dificuldades de Relacionamento e Um Perfume Inesquecível (romance do Espírito Otília). Está lançando Coração Mineiro – Uma Reencarnação em Busca da Humildade (também um romance do Espírito Otília).

domingo

Herdar a Terra


– Crime horroroso cometeu aquele sujeito! Embriagado, avançou o sinal, atropelou e matou três inocentes! Devia existir pena de morte para essa gente!

– Seria pouco! Se eu estivesse ali participaria com satisfação de um linchamento. O miserável merecia morrer junto com suas vítimas!

– Mundo violento este em que vivemos! Você leu sobre a mulher que agrediu o amante que pretendia deixá-la? Aproveitou o momento em que dormia para dar-lhe uma violenta martelada na cabeça! O infeliz não morreu mas terá sequelas que complicarão sua vida.

– É um horror estarmos sujeitos às loucuras de gente dessa laia, que por um nada pensa em matar. Deviam cortar-lhe a mão para aprender a respeitar as pessoas.

– Seria um castigo exemplar!… E há os desonestos que nos enganam para tirar proveito…

– Estou bem atento a esses salafrários. Comigo não tiram vantagem. Noutro dia falei poucas e boas a uma mulher sacudida que pedia esmola à minha porta, a pretexto de comprar leite para seu filho.

– Não sei onde vamos parar! O problema está em nossos próprios lares. Minha filha apaixonou-se por um mau caráter que se atreveu a beliscá-la, movido por ciúmes. Dei-lhe umas boas bordoadas para aprender a respeitar as pessoas.

– Não raro tenho ganas de fazer o mesmo com alguns subordinados, em minha atividade profissional. 

São incompetentes e relapsos! Contenho-me, mas não deixo de dar uns bons berros para que cumpram seus deveres.

– É o que faz minha mulher na escola. Diz ela que os alunos são tão impertinentes que ao final da aula está afônica de tanto gritar. Impõe disciplina com braço de ferro.

– Creio que a Terra só vai melhorar quando houver a separação do joio e do trigo de que fala Jesus e essa gente for banida de nosso planeta. Então viveremos melhor, como ensina a Doutrina Espírita.

– Deus o ouça. Espero que aconteça logo. Detesto gente agressiva! Não gostaria de reencarnar num mundo tão violento como o nosso!

***

Interessante diálogo, bem ilustrativo das tendências do homem comum, não é mesmo, amigo leitor?
E quanto a Jesus, o que diria?

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.

Sermão da Montanha, Mateus, 5:5

Richard Simonetti

Paz a todos!

quarta-feira

Mentores Espirituais


Muitos espiritualistas têm uma visão equivocada sobre a tarefa dos nossos amigos espirituais, chamados de mentores, guias, amparadores, anjos da guarda, etc. Tratam os benfeitores como se fossem babás ou guarda-costas particulares e acham que eles estão ao nosso dispor o tempo todo, nos acompanhando sempre que quisermos. Será que é assim que acontece, mesmo, ou é só carência da nossa parte?

Allan Kardec abordou este assunto em O Livro dos Espíritos. Na questão 491, pela tradução de Salvador Gentile (IDE), lemos:

“Qual é a missão do Espírito protetor?

– A de um pai sobre seus filhos: guiar seu protegido no bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolar suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.”

É aí que temos de tomar cuidado para não interpretarmos mal. O conceito de um Deus-pai, tão fortemente arraigado na cultura e religiosidade ocidental, também aparece na obra kardequiana, devido à influência que a moral cristã tem sobre a obra.

A ideia de pai, aqui, se refere ao sentimento de carinho e, ao mesmo tempo, à postura de quem tem mais experiência para nos auxiliar. Mas, se relermos a resposta atentamente, veremos que em nenhum momento diz que a missão dos espíritos protetores é a de “fazer tudo pelo sucesso financeiro, amoroso, etc. do protegido; protegê-lo de todas as encrencas em que ele mesmo se mete; assumir a culpa pelos desequilíbrios psicoemocionais do protegido; livrá-lo dos vícios que ele mesmo faz questão de manter; dizer o que deve fazer na vida, acabando com o livre-arbítrio do protegido; fazer as escolhas que compete ao encarnado fazer, eximindo-o de toda responsabilidade e, consequentemente, de todo aprendizado; etc.” É isso o que diz a questão 491?

Mais adiante, na questão 495, lemos:

“O Espírito protetor abandona alguma vezes seu protegido quando este é rebelde aos seus conselhos?

– Ele se afasta quando vê seus conselhos inúteis, e que a vontade de sofrer a influência dos Espíritos inferiores é mais forte. Todavia, não o abandona completamente, e se faz sempre ouvir, sendo, então, o homem que fecha os ouvidos. Ele retorna, desde que chamado. (...)”

Como podemos ver, as escolhas – boas ou ruins – são sempre nossas. Por mais que um guia espiritual possa te inspirar, por mais que um assediador possa te induzir ou um obsessor te prejudicar, é sempre nós que fazemos as escolhas, porque espírito algum tem poder para lhe tirar o livre-arbítrio.

Tem gente que se pergunta: “Puxa! Por que ‘meu’ guia espiritual me deixou entrar nessa roubada...” Pois é! Talvez algum benfeitor espiritual tenha tentado te inspirar; possivelmente, sua própria consciência tenha mostrado como deveria agir... mas, seus vícios, fraquezas, comodismo, vaidade, egoísmo, raiva, mágoa, etc. tenham sido mais fortes do que a voz do seu querido “anjo da guarda”.

Lembre-se: semelhante atrai semelhante. Se você quer tanto desfrutar a presença dos benfeitores espirituais, seja em determinados momentos do dia (ninguém está à nossa disposição o tempo todo) ou durante a emancipação da alma (viagem astral), procure estar em sintonia psicoemocional com eles. Caso contrário, eles até poderão estar ao seu lado, mas você não perceberá a presença deles. E isso pode ocorrer após a morte do corpo físico também. O fato de estar desencarnado não significa que você pode interagir com seu guia espiritual, se não estiver na mesma sintonia e receptivo à presença dele.
Paz e luz!

segunda-feira

Transcomunicação Instrumental: Vale a pena ler de novo...



Uma das maiores especialistas em Transcomunicação Instrumental (TCI), nome dado à gravação de vozes e até filmagem de pessoas que já morreram, Sonia Rinaldi comemora um marco em sua cruzada : O primeiro caso autenticado por um laboratório internacional de um contato com um espírito. O fato mais positivo de tudo isso é que, pelo caminho da ciência ou da espiritualidade, essas comunicações geram um conforto imensurável nas pessoas que buscam contato com os seus entes queridos. E dão respostas para muitas de suas inquietações. 

A pesquisadora Sonia obteve o primeiro laudo internacional confirmando a voz de um espírito. O caso estudado cientificamente por Sonia é o de Cleusa Julio, uma mãe como outra qualquer : Não suportava a dor pela perda da filha adolescente, Edna, que morreu há três anos, atropelada por um carro enquanto andava de bicicleta. Dilacerada, procurou a Associação Nacional de Transcomunicadores, presidida por Sonia, e conseguiu estabelecer comunicação com a menina.

Uma das conversas gravadas entre mãe e filha foi enviada há seis meses a um centro de pesquisas em Bolonha, na Itália, o Laboratório Interdisciplinar de Biopsicocibernética, único na Europa totalmente dedicado ao exame e análise científicos de fenômenos paranormais. Junto, foi encaminhada outra fita com um recado deixado por Edna, antes de morrer, numa secretária eletrônica. O resultado, que acaba de chegar, é um surpreendente laudo técnico de 52 páginas, cuja conclusão diz : A voz gravada por meio da transcomunicação é a mesma guardada na secretária eletrônica.

O chamado Caso Edna, revelado com exclusividade a "ISTO É", tem o aval do físico Claudio Brasil, mestre pela Universidade de São Paulo que se dedicou nos últimos anos a analisar centenas de vozes paranormais : “Temos que abrir a mente e aceitar que a ciência não tem explicação para tudo”, diz ele. “É um trabalho puramente matemático, à prova de fraudes”, afirma Sonia, autora de sete livros, entre eles Gravando vozes do além, que detalha técnicas para contatos em outras dimensões.

Em 18 anos de pesquisas, ela guarda 50 mil gravações em áudio com mortos. No início, usava um gravador. Hoje, as conversas são gravadas por telefone ou microfone conectados ao computador e, no caso de gravação e filmagem simultâneas, com o auxílio de uma câmera digital. Acostumada a trazer conforto aos outros, Sonia perdeu seu marido, Fernando, há um ano, vítima de câncer. Segundo ela, Fernando continua sendo seu mais ativo colaborador, agora do outro lado. “A dor se transforma em esperança”, emociona-se.
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sexta-feira

Os Simbolismos da Páscoa e o Espiritismo


A palavra Páscoa tem origem em dois vocábulos hebraicos: um, derivado do verbo pasah, quer dizer “passar por cima” (Êxodo, 23: 14-17), outro, traz raiz etimológica de pessach (ou pasha, do grego) indica apenas “passagem”. Trata-se de uma festa religiosa tradicionalmente celebrada por judeus e por católicos das igrejas romana e ortodoxa, cujo significado é distinto entre esses dois grupos religiosos.

No judaísmo, a Páscoa comemora dois gloriosos eventos históricos, ambos executados sob a firme liderança de Moisés: no primeiro, os judeus são libertados da escravidão egípcia, assinalada a partir da travessia no Mar Vermelho (Êxodo, 12, 13 e 14). O segundo evento caracteriza a vida em liberdade do povo judeu, a formação da nação judaica e a sua organização religiosa, culminada com o recebimento do Decálogo ou Os Dez Mandamentos da Lei de Deus (Êxodo 20: 1 a 21). As festividades da Páscoa judaica duram sete dias, sendo proibida a ingestão de alimentos e bebidas fermentadas durante o período. Os pães asmos (hag hammassôt), fabricados sem fermento, e a carne de cordeiro são os alimentos básicos.

A Páscoa católica, festejada pelas igrejas romana e ortodoxa, refere-se à ressurreição de Jesus, após a sua morte na cruz (Mateus, 28: 1-20; Marcos, 16: 1-20; Lucas, 24: 1-53; João, 20: 1-31 e 21: 1-25). A data da comemoração da Páscoa cristã, instituída a partir do século II da Era atual, foi motivo de muitos debates no passado. Assim, no primeiro concílio eclesiástico católico, o Concílio Nicéia, realizado em 325 d.C, foi estabelecido que a Páscoa católica não poderia coincidir com a judaica. A partir daí,a Igreja de Roma segue o calendário Juliano (instituído por Júlio César), para evitar a coincidência da Páscoa com o Pessach. Entretanto, as igrejas da Ásia Menor, permaneceram seguindo o calendário gregoriano, de forma que a comemoração da Páscoa dos católicos ortodoxos coincide, vez ou outra, com a judaica.

Os cristãos adeptos da igreja reformada, em especial a luterana, não seguem os ritos dos católicos romanos e ortodoxos, pois não fazem vinculações da Páscoa com a ressurreição do Cristo. Adotam a orientação mais ampla de que há, com efeito, apenas uma ceia pascoal, uma reunião familiar, instituída pelo próprio Jesus (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; Lucas 22:7-13) no dia da Páscoa judaica.Assim, entendem que não há porque celebrar a Páscoa no dia da ressurreição do Cristo. Por outro, fundamentados em certas orientações do apóstolo Paulo (1 Coríntios,5:7), defendem a ideia de ser o Cristo, ele mesmo, a própria Páscoa, associando a este pensamento importante interpretação de outro ensinamento de Paulo de Tarso (1Corintios, 5:8): o “cristão deve lançar fora o velho fermento, da maldade e da malícia, e colocar no lugar dele os asmos da sinceridade e da verdade.”

Algumas festividades politeístas relacionados à chegada da primavera e à fertilidade passaram à posteridade e foram incorporados à simbologia da Páscoa. Por exemplo, havia (e ainda há) entre países da Europa e Ásia Menor o hábito de pintar ovos cozidos com

cores diferentes e decorá-los com figuras abstratas, substituídos, hoje, por ovos de chocolate. A figura do coelho da páscoa, tão comum no Ocidente, tem origem no culto à deusa nórdica da fertilidade Gefjun, representada por uma lebre (não coelho). As sacerdotisas de Gefjun eram capazes de prever o futuro, observando as vísceras do animal sacrificado.

É interessante observar que nos países de língua germânica, no passado, havia uma palavra que denotava a festa do equinócio do inverno. Subsequentemente, com a chegada do cristianismo, essa mesma palavra passou a ser empregada para denotar o aniversário da ressurreição de Cristo. Essa palavra, em inglês, “Easter”, parece ser reminiscência de “Astarte”, a deusa-mãe da fertilidade, cujo culto era generalizado por todo o mundo antigo oriental e ocidental, e que na Bíblia é chamada de Astarote. (…) Já no grego e nas línguas neolatinas, “Páscoa” é nome que se deriva do termo grego pascha.

A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa, ainda que acate os preceitos do Evangelho de Jesus, o guia e modelo que Deus nos concedeu: “(…) Jesus representa o tipo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra.” Contudo, é importante destacar: o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo representado, ainda que apresente outras interpretações. A liberdade conquistada pelo povo judeu, ou a de qualquer outro povo no Planeta, merece ser lembrada e celebrada. Os Dez Mandamentos, o clímax da missão de Moisés, é um código ”(…) de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. (…).” A ressurreição do Cristo representa a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do Espírito em outra dimensão da vida.

Os discípulos do Senhor conheciam a importância da certeza na sobrevivência para o triunfo da vida moral. Eles mesmos se viram radicalmente transformados, após a ressurreição do Amigo Celeste, ao reconhecerem que o amor e a justiça regem o ser além do túmulo. Por isso mesmo, atraiam companheiros novos, transmitindo-lhes a convicção de que o Mestre prosseguia vivo e operoso, para lá do sepulcro.

Os espíritas, procuramos comemorar a Páscoa todos os dias da existência, a se traduzir no esforço perene de vivenciar a mensagem de Jesus, estando cientes que, um dia, poderemos também testemunhar esta certeza do inesquecível apóstolo dos gentios: “Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2.20)

Fonte: 

domingo

Um Estudo Sobre a Dor

"Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos precisos para obtê-la." Emmanuel, do livro "Aulas da Vida".
Primeiramente vamos definir a palavra dor. De acordo com o Dicionário Aurélio, dor pode ser uma sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais, pode ser um sofrimento moral, mágoa, pesar ou aflição, e por fim dor pode ser sinônimo de dó, compaixão e condolência. Com base no Wikipédia, a dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e emocional.

Existem aspectos para a dor. A dor física é aquela que surge de um ferimento ou de uma doença, funcionando como um alarme de que há algo errado no funcionamento do corpo; se não existisse a dor, provavelmente não sobreviveríamos, porém esta dor física afeta a pessoa como um todo. A dor moral é aquela que advém do sofrimento, da emoção. A dor espiritual surge da perda de significado, sentido e esperança, ela é reconhecida quando dizemos que "dói a alma". O aconselhamento espiritual é uma das necessidades mais solicitadas pelos que estão morrendo e por seus familiares. Claro que estes três aspectos interrelacionam-se e nem sempre é fácil distinguir um do outro.

Todas as pessoas consideradas normais têm horror à dor física. Mas a dor se impõe ao homem como um instrumento necessário para que ele possa compreender e observar a lei da autopreservação. Quando a dor é maior do que conseguimos suportar, simplesmente caímos em estado inconsciente.

Um aspecto importante da dor é o aspecto mental, pois a maioria das dores físicas é exagerada pela nossa reação mental a elas. Muitas vezes, em um acidente, os pais, preocupados em amparar e proteger seus filhos, não sentem a dor de um ferimento, porém assim que suas emoções se acalmam, percebem o ferimento e sentem dor. Muitas vezes eles dizem nem terem tido tempo para pensar nisso.

Em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VI, Parte 2ª: "257. O corpo é o instrumento da dor, se não é sua causa primária, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que ela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação física. Com efeito, o frio e o calor não podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode regelar-se nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produzir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no membro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de partida da dor: o cérebro conservou a impressão, eis tudo. Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos Espíritos depois da morte (...)"

"O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a própria matéria inerte (...) É também o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Eis porque o Espírito não diz que sofre mais da cabeça que dos pés (...) Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; não obstante, não é também um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, pois ele se queixa de frio ou de calor (...) A dor que sente não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está localizada e não é produzida por agentes exteriores; é, antes, uma lembrança também penosa (...)".

Um espírito já desencarnado pode acreditar estar sentindo dor, pois sua mente ainda mantém a percepção desta dor. Ele não sente uma dor física, pois esta dor é inerente ao corpo, que já não existe mais, mas por estar muito apegado à matéria e acreditar que possui um corpo, sua mente "percebe" a dor.

Desde o século passado, a ciência já conhece quais os neurônios envolvidos na percepção da dor, mas o mais importante é o processo mental que irá interpretar esta dor. Ou seja, a forma como é expressa esta dor está fortemente ligada à cultura, à personalidade, às experiências anteriores, à memória e ao ambiente do indivíduo. Desta forma, podemos concluir que a dor é um processo mental interpretativo, não passa de uma opinião pessoal. Sem dúvida é uma sensação em uma ou mais partes do organismo, mas sempre é desagradável, e, portanto, representa uma experiência emocional. Estamos diante de um fenômeno dual, de um lado a percepção da sensação e de outro a resposta emocional do indivíduo a ela. Assim, nem sempre quem está sentindo dor está sofrendo. O sofrimento é uma questão subjetiva e está mais ligada à moral da pessoa. Nem toda dor leva ao sofrimento e nem todo sofrimento requer a presença de dor física. A dor sempre representa um estado psicológico, muito embora saibamos que a dor na maioria das vezes apresenta uma causa física imediata.

Já dizia Emmanuel: "Toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência." (O Consolador, Francisco Cândido Xavier).

Muitas vezes esta dor, que no plano biológico é como uma advertência de utilidade incontestável, repercute na vida psicológica do indivíduo, extrapolando esta utilidade biológica e dependendo da sua intensidade poderá assumir dimensões tais que gerariam um desejo de se eliminar a própria vida. Na verdade, não é uma verdadeira vontade de eliminar a vida, mas um desejo de pôr fim a uma dor interpretada como intolerável.

A Psicologia já vem afirmando algo nesta direção; diz esta ciência que dar significado à condição sofrida freqüentemente reduz ou mesmo elimina o sofrimento a ela associado. A transcendência seria provavelmente a forma mais poderosa na qual alguém pode ter sua integridade restaurada.

Desde que renascemos, até a desencarnação, estamos sempre diante da dor e do sofrimento. A Doutrina Espírita não faz apologia da dor, apenas nos esclarece o porquê da dor.

"É necessário sofrer para adquirir e conquistar. Aqueles que não sofreram, mal podem compreender estas coisas." (Léon Denis, Cap. XXVI do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor").


O Santo Casamenteiro


A jovem era devota de Antônio de Pádua.

Orava, genuflexa, diariamente, reiterando rogativas:

– Abençoa meus familiares, dá-lhes saúde e paz. Quanto a mim, santo querido, peço seus préstimos, ajudando-me a encontrar um companheiro, um bom rapaz que realize meu sonhos de um lar feliz, abençoado por muitos filhos…

A família até que ia bem, certamente amparada pelo santo…

Quanto ao casamento, nada feito. Ele parecia fazer ouvidos moucos.

Entrava ano, saía ano, e nada de aparecer o príncipe encantado.

Já quase conformada em ser “titia”, viu-se, certa feita, em sonho, diante do grande pregador do Evangelho.

Sem vacilar, cobrou-lhe resposta às reiteradas solicitações.

– Meu santo, tenho feito tudo para merecer suas graças, arranjando-me um companheiro, conforme sua especialidade. Guardo recato. Pouco saio, fugindo às tentações. Só vou à igreja… Comungo diariamente, acendo velas em sua homenagem, repito o rosário duzentas vezes, rogo ardentemente… O que está faltando?

O santo sorriu:

– Minha filha, tenho procurado ajudá-la, mas está difícil, porquanto depende de você. Participe da vida social, freqüente uma escola, integre-se em serviços comunitários, amplie seu círculo de relações… Dê uma chance ao amor!

"André Luiz faz interessante observação, em Ação e Reação, psicografia de Chico Xavier:"

Deus ajuda as criaturas por intermédio das criaturas.

Sempre há Espíritos dispostos a atender nossas rogativas, quando orientadas pelo coração, em empenho contrito de comunhão com a Espiritualidade.

Podemos dirigi-las a Deus, a Jesus, aos santos, aos guias, protetores, aos anjos, de acordo com nossas convicções religiosas.

Os santos autênticos, Espíritos iluminados que passaram pela Terra, como Francisco de Assis, Antonio de Pádua, Tereza D’Ávila, Maria de Nazaré, Simão Pedro, não têm condições para atender, pessoalmente, às multidões que os procuram, em milhões de preces a eles dirigidas, diariamente.

Para tanto, contam com enorme contingente de auxiliares, que em seu nome ajudam os fiéis.

O mesmo acontece na área espírita, com veneráveis entidades, como Bezerra de Menezes, Eurípides Barsanulfo, Cairbar Schutel, Batuíra e, hoje, o nosso querido Chico Xavier.

Em nível mais modesto, há familiares, amigos e mentores desencarnados, que atentam às nossas rogativas, a partir de singelas iniciativas.

Jamais estaremos desamparados.

Contamos, invariavelmente, com o amparo das criaturas de Deus que, em nome do Criador desenvolvem iniciativas que visam nosso bem-estar.

Ficaríamos surpreendidos se tivéssemos consciência do permanente empenho de nossos amigos espirituais, buscando ajudar-nos a aproveitar as oportunidades de edificação da jornada humana.

E o fazem por amor ao Bem, como é próprio dos Espíritos que vivenciam em plenitude as leis divinas, conscientes de que a felicidade do Céu está em socorrer as necessidades da Terra.

Não obstante, é preciso atentar a um detalhe quando rogamos auxílio aos benfeitores espirituais.

Eles não são babás, chamados a cuidar de marmanjos.

Sua função primordial é nos inspirar a fazer o melhor.

Mostram caminhos.

A iniciativa de caminhar é nossa.

É preciso sair a campo, lutar pelo ideal, trabalhar pela realização de nossos sonhos, para que não nos situemos como a jovem que estava ficando para titia, por fechar-se numa redoma, sem acesso para o “príncipe encantado”.

Do Livro Abaixo a Depressão.

sábado

Água - Um tesouro da Natureza

A água no estado líquido cobre de 70 a 71% da superfície do Planeta. Deste total, 97% estão nos oceanos e mares – são águas de elevada concentração de sais, sobretudo o cloreto de sódio –, 2% nas geleiras eternas (situadas nos polos e cordilheiras) e 1% nos rios, lagos e reservatórios subterrâneos. Da pequena parcela de água doce disponível, apenas 0,26% é indicada para o consumo humano. Neste contexto, o Brasil é um país privilegiado, pois abriga entre 12 e 15% da reserva de água doce planetária.

A água é um mineral constituído de dois átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O), formando a molécula H2O. A despeito da simplicidade da molécula, as propriedades da água são, praticamente, ilimitadas. Destaca-se entre elas a capacidade de dissolver um número significativo de substâncias, condição que a classifica como solvente universal. Esta propriedade é fundamental para o surgimento e a manutenção da vida. No sangue, por exemplo, várias substâncias, como sais minerais, vitaminas, açúcares, entre outras, são transportadas dissolvidas na água. O corpo humano possui aproximadamente 80% de água.

Segundo a Doutrina Espírita, a propriedade da água de ser um solvente universal está relacionada aos princípios de afinidade presentes em todos os corpos e substâncias do Universo:

A composição e a decomposição dos corpos se operam em virtude do grau de afinidade que os princípios elementares guardam entre si. A formação da água, por exemplo, resulta da afinidade recíproca que existe entre o oxigênio e o hidrogênio; mas, se se puser em contato com a água um corpo que tenha com o oxigênio mais afinidade do que a que este tem com o hidrogênio, a água se decompõe; o oxigênio é absorvido, o hidrogênio torna-se livre e já não haverá água.

Para atender a esta e a outras inúmeras finalidades, a água é usualmente encontrada nos estados sólido, líquido e gasoso, mas passa facilmente de um estado físico para outro, conforme as circunstâncias e necessidades.

Por ser um elemento vital da organização da Natureza, os Espíritos construtores, que sempre agem sob a segura direção do Cristo, construíram inúmeros reservatórios hídricos na Terra, que são alimentados pelo Ciclo da Água (ou Ciclo Hidrológico), um movimento contínuo mantido ao longo das eras. Este Ciclo pode ser assim resumido: 

1) evaporação de águas líquidas (rios, lagos, lagoas, mares, regiões glaciais, lençóis de gelo, vegetais e transpiração dos animais) da superfície planetária que adquirem a forma de vapor d’água; 

2) agregação dos vapores de água e formação de nuvens na atmosfera; 

3) condensação dos vapores de água nas nuvens que ficam eletricamente carregadas; 

4) esfriamento da atmosfera no local onde estão as nuvens; 

5) precipitação da água das nuvens na forma de chuva; 

6) retorno da água aos reservatórios naturais do Planeta, infiltrando-se uma parte no solo para formar/alimentar os lençóis freáticos (ou subterrâneos); 

7) brotamento de águas subterrâneas na superfície, nutrindo nascentes de rios e fontes.

O Espiritismo ensina, em consonância com os avanços da Ciência, que, diferentemente do que acontece hoje, no início da formação da Terra

As águas, pouco profundas, cobriam quase toda a superfície do globo, à exceção das partes soerguidas, formando terrenos baixos frequentemente alagados. [...] Os espessos vapores aquosos que se elevavam de todas as partes da imensa superfície líquida recaíam em chuvas abundantes e quentes, que obscureciam o ar. [...]2

Com o passar do tempo, o Ciclo da Água estabilizou-se, fornecendo condições ideais para o surgimento da biodiversidade das espécies. Contudo, é lamentável constatar que, na atualidade, graves problemas interferem diretamente no funcionamento desse Ciclo, afirmam cientistas e estudiosos do mundo inteiro. As pesquisadoras brasileiras, Fátima Casarin e Monica dos Santos, destacam alguns fatores prejudiciais: 
[...] Áreas imensas dos solos foram impermeabilizadas por construções, calçadas e asfalto. Reservas como piscinas, barragens, caixas d’água e cisternas impedem a infiltração da água no solo e o reabastecimento de aquíferos (grandes reservatórios de água que ficam em camadas profundas do solo). [...]

Associa-se a essa intranquila situação o uso indiscriminado (e excessivo) de água nas irrigações agrícolas e pecuárias, assim como no consumo individual e coletivo. Em razão da gravidade do assunto, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), através da Resolução 47/193, de 21 de fevereiro de 1993, declarou 22 de março, de cada ano, como o Dia Mundial da Água (DMA), integrando um dos itens da Agenda 21 – um dos principais resultados da conferência Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992. Este documento estabelece o compromisso de cada país refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar na solução de problemas socioambientais. O Espírito André Luiz destaca, a propósito:

– Na Terra quase ninguém cogita seriamente de conhecer a importância da água. Em “Nosso Lar” [Colônia espiritual de transição], contudo, outros são os conhecimentos. Nos círculos religiosos do planeta, ensinam que o Senhor criou as águas. Ora, é lógico que todo serviço criado precisa de energias e braços para ser convenientemente mantido. Nesta cidade espiritual, aprendemos a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante dádiva. Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é um veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. [...]

Estudos confiáveis demonstram a existência de regiões no mundo onde há severa escassez de água, com o agravante de que

[...] a pouca água disponível costuma ser de pior qualidade, já que os poluentes estão menos diluídos e há riscos de a água do mar invadir as reservas subterrâneas naturais, tornando-as salgadas. Com isso não só o homem sofre, mas as plantas e animais são prejudicados.

O consumo abusivo de água é outro fator complicador. Por exemplo, na África o índice de disponibilidade de água é muito crítico, considerando que a média diária de consumo por pessoa, em vários países do continente, é de 10 a 15 litros, enquanto que na cidade de Nova Iorque um indivíduo chega a utilizar dois mil litros de água por dia.Na Turquia,

o segundo maior lago do país – o Tuz – teve o seu tamanho reduzido devido a captação ilegal de água para irrigação.Na Grécia, as plantas da planície de Argolis estão ressecadas pela entrada de água salgada nos lençóis subterrâneos.

Retornando a André Luiz, transcrevemos as seguintes considerações de Lísias, dedicado enfermeiro, habitante de Nosso Lar:

– O homem é desatento há muitos séculos [...]; o mar equilibra-lhe a moradia planetária, o elemento aquoso fornece-lhe o corpo físico, a chuva dá-lhe o pão, o rio organiza-lhe a cidade, a presença da água oferece-lhe a bênção do lar e do serviço; entretanto, ele sempre se julga o absoluto dominador do mundo, esquecendo que é filho do Altíssimo, antes de qualquer consideração. [...]

Um amplo processo de conscientização ecológica precisa ser desenvolvido no mundo, sobretudo quando se constata que 35% da população mundial têm escasso acesso à água. Pela educação, chegará o dia em que a mentalidade humana saberá preservar a água como tesouro da Natureza e terá alcançado a compreensão de

[...] que a água, como fluido criador, absorve, em cada lar, as características mentais de seus moradores. [...] Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e, quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênção de vida, mas constituirá igualmente um veículo da Providência Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima.

Paz a todos!!

sexta-feira

A Morte da Gata


As duas meninas, sete e nove anos, brincavam na calçada.
Nas proximidades, a gata rueira, impossível de ser contida nos limites da casa, como todos os felinos.
A bichana resolveu atravessar a rua.
Um automóvel aproximava-se, veloz.
Ela esgueirou-se, rápido.
Escapou por um triz, como sempre, valendo-se das “sete vidas” com que o imaginário popular brinda a agilidade dos felinos.
Certamente gastou a última, porquanto outro carro vinha em sentido contrário e a pobre foi colhida por rodas implacáveis.
Em segundos expirava, velada pelas meninas que choravam em desolação, traumatizadas com a violência presenciada, inconformadas com a perda de sua Juju.

***

– Papai, a Juju cumpriu um carma?
– Não, filhinha. Animais não têm dívidas a pagar. São conduzidos pelas forças da Natureza, sob orientação do instinto.
– Mamãe dizia que era uma criminosa, destruidora de cortinas e estofados!
– Não fazia por mal… Apenas afiava as garras, como todo felino.
– Podemos orar por ela?
– Certamente! Será como se lhe fizessem um carinho à distância.
– Quando morrermos, vamos encontrá-la?
– Talvez… As almas dos animais não costumam demorar-se no Além.
– Animal também reencarna?
– Sim. Faz parte de sua evolução.
– Gato pode reencarnar como cachorro?
– Sem dúvida, e também em outras espécies, em constante desenvolvimento, ao longo dos milênios.
– Que bom papai! A Juju poderá voltar como filha de nossa Baby!

***

Algum tempo depois, Baby, a cadelinha, despeja no mundo quatro filhotes.
As meninas encantam-se, particularmente com a menor.
– Veja, papai! Tem a mesma cor de nossa Juju e até os olhos puxadinhos. Deve ser ela!
– Pode ser, filhinha – sorriu o pai, condescendente.
Não seria caridoso contestar a animadora fantasia.
Afinal, não era impossível… Como devassar os meandros da evolução, a progressão das experiências, as espécies a que se liga o princípio espiritual, na longa jornada rumo à consciência?…
– Podemos ficar com ela?
– Se quiserem…
– Vai chamar-se Juju.
– Tudo bem.
***

Observando o entusiasmo das meninas, conjecturava o pai, com seus botões:

“Ah! Vida abençoada! Sempre a brotar, irresistível, plena de esperanças, sobrepondo-se à desolação da morte!”

Richard Simonetti
Paz a todos...

segunda-feira

Estresse e Espiritualidade

Para o grande público, estresse é uma situação psicologicamente agressiva que repercute no corpo. Este, porém, é apenas um dos aspectos do estresse, a sua versão psicossomática, há outros, porém, a serem considerados. Na verdade, o ser humano vive em estado de estresse permanente, bombardeado por fatores estressantes diversos - físicos, psico-emocionais, e espirituais - que lhe exigem constante adaptação ao mundo que o cerca.

Os fatores estressantes emocionais tanto podem ser tristes, como a morte de um ente querido, o desemprego, quanto felizes, como o sucesso do atleta ou as alegrias do reencontro - todos desencadeiam, do mesmo modo, os mecanismos e as conseqüências do estresse. O mesmo acontece em relação aos abalos nervosos, como no estado de cólera, medo, etc., assim como frente aos fenômenos físicos nocivos -frio, calor, fadiga, agentes tóxicos ou infecciosos, jejum, exercícios físicos exagerados, etc.

Na verdade, o estresse é a resposta não específica que o corpo dá a toda demanda que lhe é feita. Ele corresponde à interação entre uma força e a resistência do organismo a esta força. É o complexo agressão-reação.

Se a agressão é ocasionada por uma grande diversidade de fatores, a reação comporta uma parte idêntica, comum a todos os indivíduos, e uma parte própria de cada um, denominada "coping" ou aspecto específico da reação não específica.

A medicina hoje considera a doença como sendo a resultante da agressão mais a reação não específica, mais reação específica. Isto pode ser resumido em estresse mais coping. Desse modo, considera-se a originalidade própria das reações específicas ao agente estressor, superpostas às reações não específicas do estresse, criando a diversidade dos aspectos clínicos.

Em 1936, Hans Selye, descobridor do estresse, publicou os seus primeiros trabalhos sobre o assunto. Em 1950, descreveu a Síndrome Geral de Adaptação - Reação de Alarme, estágio de Resistência e de Exaustão - com seus aspectos bioquímicos e endócrinos, mostrando qual a reação não específica do organismo às agressões do mundo exterior. Para ele, a intensidade da demanda, a duração e a repetição determinam a resposta. E condiciona o bom ou o mau estresse à eficiência ou não da fase de adaptação. Para Selye, todo indivíduo tem um capital de energia biológica diferente e pode consumir suas reservas conforme tenha maus estresses.

Na reação de alarme, a primeira resposta do organismo ao estresse, entra em ação o sistema hipotálamo-simpático-adrenérgico que prepara o organismo para a luta ou fuga. Entram em jogo a adrenalina e a noradrenalina, com isso, há muita produção de glicogênio, taquicardia, respiração acelerada, concentração do sangue nos vasos principais e nos músculos estriados, inibição dos sistemas digestivo, sexual e imunológico. Depois disso, outro sistema vai entrar em jogo, o hipotálamo - hipófiso-suprarrenal com produção de ACTH e corticóides.Esses sistemas entram em funcionamento na fase de reação e o organismo pode sofrer esgotamento ou entrar na fase de exaustão, tendo como resultado final doença e morte. São inúmeras as doenças de adaptação, entre elas, hipertensão, úlcera, hemorróidas, ataques cardíacos, acidente vascular cerebral, diabetes, enxaqueca, etc.

Hoje, como avanço dos estudos, considera-se o sistema limbo-hipotálamo-hipófiso-suprarrenaliano (LHHS). Através do hipotálamo na zona parvocelular mediana do núcleo paraventricular (NPV), são liberados o CRF, o Fator de liberação corticotrófico (Corticotrophin Releasing Factor) e a Argenina Vasopressina (AVP) - que determinam a liberação de ACTH pela hipófise e esta o cortisol pela suprarrenal.Com vemos, o estresse está ligado ao centro das emoções no hipotálamo, assim é importante o estudo de fatores como o medo, a raiva, etc, nos seus mecanismos e reações. Assim, quando o indivíduo sente raiva, por exemplo, é como se ele estivesse diante de um predador, de um perigo iminente e isto desencadeia a reação.

Como vimos, cada indivíduo tem uma reação específica frente ao estresse. Ele coloca suas estratégias de ajuste cognitivas e comportamentais, o "coping", para fazer face aos agentes estressores.

As pesquisas têm demonstrado que doenças como depressão estão absolutamente ligadas ao estresse. Investigação ampla, realizada em 52 países, da qual participou o dr. Alvaro Avezum, do Brasil, acerca dos fatores de risco da doença cardíaca, demonstrou que os psico-sociais entram em mais de 30% dos casos.

O estresse é o campo da medicina que reunifica corpo e alma. O seu estudo está, portanto, intimamente ligado à espiritualidade.Segundo as lições espirituais dadas em 1947, no livro No Mundo Maior, o nosso cérebro tem três áreas distintas: a inicial, onde habita o automatismo e que está no plano subconsciente, a do córtex motor que engloba as conquistas do hoje e está na área do consciente e a dos lobos frontais que representam o ideal e a meta superiores e estão vinculados ao superconsciente. Esta classificação encontra respaldo no livro de Paul Maclean, de 1968, The Triune Brain in Evolution, que nos fala acerca dessas três regiões, afirmando que vemos o mundo através de três cérebros distintos.

Aprendemos também com os Instrutores Espirituais que somos seres em evolução. Quanto mais perto nos encontramos da animalidade mais agimos com instintos e sensações. Com o passar do tempo, e a evolução espiritual conseqüente, passamos a ter sentimentos, sendo o amor, o mais sublimado deles.Se estamos escravizados aos instintos, a maneira pela qual fazemos face aos fatores estressantes é muito primitiva e resulta quase sempre em um mau estresse.

Aprendemos também que é preciso humildade para vencer a animalidade inferior. Infelizmente, porém, em nossas relações em sociedade e no lar estamos muito longe desse sentimento sublime que está intimamente ligado ao amor.

Assim, a fé é importante porque abre as portas do coração para sentir e viver o amor divino em nossas vidas. Através da oração, da meditação, da compreensão do valor da dor, temos a possibilidade de conhecermo-nos a nós mesmos e a reagirmos de forma mais equilibrada às tensões da existência humana. Compreendemos, igualmente, que é preciso treino para o perdão e para eliminação da raiva, da inveja, da mágoa e de outros sentimentos negativos.

A nossa busca da paz para viver no lar, no ambiente de trabalho, dentro da sociedade tem de ser centralizada em Jesus, o Médico da Almas, que afirmou ter a paz verdadeira para nos oferecer.

Chico Xavier disse com muita sabedoria: "A paz em nós não resulta de circunstâncias externas e sim da nossa tranqüilidade de consciência no dever cumprido." Para vencer positivamente o estresse é preciso guardar a paz, tê-la como patrimônio. E esta pacificação interior que é responsável pelo sucesso do "Coping", só será uma conquista definitiva quando houver harmonia entre os três cérebros. Para isso, no entanto, é imprescindível não esquecer que é preciso fé em Deus e obediência às Suas Leis.

* Dra. Marlene Nobre é presidente da Associação Médico Espírita do Brasil e Internacional

Paz a todos...