domingo

Nossos Filhos São Espíritos // 08

 
PARA QUE NASCEMOS? 
COMO NÃO PODEMOS COMENTAR todo o livro da dra. Wambach, o que seria praticamente escrever outro volume, resolvi selecionar e resumir apenas dois ou três aspectos que me pareceram mais  importantes como sustentação de nosso próprio trabalho. 

A escolha da época, por exemplo. Por que teria toda aquela gente escolhido a segunda metade do século 20 para nascer? 

Há uma ampla variedade de respostas a essa pergunta, mas creio que podemos resumir dizendo que existe, para este período, grande expectativa de aprendizado, de iluminação do ser, que começa a tomar consciência de si mesmo, de sua condição de criatura imortal e perfectível. Do conjunto consultado, 51% declararam ter decidido nascer nessa época “por causa de seu grande potencial para maturação espiritual” das pessoas. Houve quem dissesse que “muitos espíritos evoluídos estavam renascendo agora” e que “estamos todos mais próximos da paz mundial e de um sentimento de integração na humanidade como um todo”. Ou que “muitas grandes almas estão vindo juntas”, para elaboração de “uma Era de Ouro”, na qual “mudanças monumentais começam a ocorrer e ainda ocorrerão. 

Na verdade há predominância desse tom otimista quanto aos negócios do mundo, embora uma percentagem — relativamente inexpressiva de 4 em 100 — ainda conserve uma atitude pessimista em relação  à época em que decidiram nascer. 

Muitos, contudo, vieram por causa de suas ligações  com outros seres, que aqui se encontravam ou estavam para nascer. Razões muitas: procurar melhor entrosamento, reparar faltas cometidas contra essa gente no passado, ou doar alguma coisa de si a alguém ou à humanidade.

Uma senhora declarou que tinha consciência de haver nascido para “produzir um líder político”. 

Várias mulheres declararam ter escolhido este período da história por causa das conquistas programadas para as pessoas de sua condição, ou seja, não apenas maior liberdade para a mulher, mas, principalmente, considerável melhoria de status. 

Quanto à escolha do sexo, as razões são ponderáveis e informativas. Escolhi vir como mulher (disse uma moça) porque ela é mais amorosa, expressiva e ligada em si mesma. Sinto que meu lado feminino é melhor para refletir tais aspectos. (Destaque meu.) 

Outra pessoa expôs da seguinte maneira suas razões:

Bem, eu realmente não escolhi meu sexo, mas fiquei  satisfeito ao saber que, desta vez, seria homem. Estive no sexo oposto na maioria das minhas existências mais próximas e levei vidas miseráveis por isso. 

Sobre os objetivos e finalidades das vidas, a tônica é, inquestionavelmente, o aprendizado, ou melhor, o reaprendizado do amor fraterno. 

Incrível como em pessoas tão diferentes umas das outras ocorra tal coerência e identifiquemos tão sólida e concludente convergência.  
Quando você perguntou acerca da finalidade (da minha vida), compreendi que é a de estabelecer um novo relacionamento com pessoas a quem devo, por prejuízos que lhes causei em vidas anteriores. 

Tenho certeza agora de que devo ajudar meu marido,  alcoólatra nesta vida, porque fui cruel com ele em existência anterior. 

Ou: “(...) meu objetivo foi o de conciliar-me com algumas pessoas pelo dano que lhes causei em vidas passadas.” Sobre tais situações, comenta a dra. Wambach: 

(...) 18% de meus pacientes disseram ter vindo para esta vida para aprender a doar o amor. O objetivo não foi o de estarem junto de pessoas específicas, mas aprender a amar (O destaque é meu.) 

“Tenho de aprender a não me agarrar possessivamente aos outros”, disse alguém. 

Há quem tenha vindo para “livrar-se do materialismo e combater o negativismo”, bem como “combinar emoções masculinas e femininas para desenvolver o controle sobre elas, o amor e a força do caráter”. (Imagine o leitor se uma dessas pessoas, nascida sob a pressão de impulsos mais ou menos desencontrados, exatamente para aprender a dominar paixões em tumulto, encontra um (mau) conselheiro que o estimula precisamente a assumir seu latente homossexualismo, por exemplo.) 

O momento da ligação do espírito com o feto, ou seja, com o corpo em formação, é variável, segundo as pesquisas da dra. Wambach. Há quem diga ligar-se no momento da concepção; há os que somente ao nascer sentiram-se, de fato, como que imantados ao corpo da criança; mesmo assim, ainda com certa autonomia para deslocamentos fora do corpo físico. As estatísticas da doutora revelam que nos 750 casos pesquisados até a época em que escreveu o livro — publicado em março de 1979 —, 89% disseram que somente se tornaram parte do feto ou se envolveram com ele após seis meses de gestação. 

Não ponho em dúvida esses dados, mas ainda entendo que resultam de importante consideração que talvez não tenha sido possível apurar com maior precisão, ou seja, a de que isso é o que a pessoa se lembra e que pode não ter sido o que realmente aconteceu. Desde as primeiras  semanas, e como regra geral para cada feto, há um espírito indicado ou, pelo menos, já em preparo para renascer. 

O dr. Jorge Andréa chega a admitir que o espírito possa estar presente e influir na seleção do espermatozóide que vai disparar o mecanismo da fecundação e conseqüente gestação. 

Naturalmente que para isso é necessário que o espírito tenha condições evolutivas e de conhecimento bastante satisfatórias, pois há renascimentos regidos por leis emergenciais, em cujo processo pouco participa, conscientemente, o espírito reencarnante. É certo, porém, que a presença do espírito ou, pelo menos, sua imantação ao feto é vital ao desenrolar do processo, dado que é o seu perispírito que traz as  matrizes cármicas que entram como componente decisivo na formação do novo corpo fisico, interagindo com os mecanismos puramente genéticos. 

Exemplos dramáticos de tais casos são os de antigos suicidas, cujos “moldes” perispirituais estão danificados nos pontos afetados pelo gesto de desespero: ouvido, coração, aparelho digestivo ou respiratório, caso tenham sido atingidos, respectivamente, por tiros, ou tenham se matado com a ingestão de venenos, ou, ainda, por sufocamento ou afogamento. 

Da mesma forma, seres que não tragam tais compromissos retificadores têm assegurado pelas leis divinas, que tudo regem com infalível sabedoria, direito a um corpo apropriado às nobres tarefas que venham a desempenhar na Terra, como um bom cérebro físico, mãos dotadas  de recursos para habilidades específicas, ou saúde que lhes garanta  os anos de vida de que necessitam para levar a bom termo suas tarefas. 

É evidente, repetimos, que tudo isso precisa interagir com os componentes genéticos dos pais, do que se depreende como são complexas e delicadas as operações que se desenrolam nos bastidores de uma coisa aparentemente tão simples e automatizada como a geração de uma criança. 

Sim, porque, em princípio, o mecanismo da fecundação em si não exige nenhum tipo especial de competência ou conhecimento da parte dos pais, muitos dos quais não têm a menor ideia das inconcebíveis complexidades dos processos e das leis que fazem tudo isso funcionar com assombrosa precisão. 

O mecanismo começa a mover-se desde que são promovidas, no mundo invisível aos nossos olhos habituais, as “negociações” para que um grupo espiritual consiga renascer junto, com uma programação coerente, relacionamentos bem definidos e tarefas específicas a realizar. Nada é deixado ao acaso ou à improvisação, embora haja flexibilidade para certas opções. 

O que complica esse quadro é que muitos, aqui chegados, deixam de cumprir a parte que lhes toca no acordo e, então, tudo se embaralha e degenera em novos atritos e, por conseguinte, em nova safra de sofrimentos futuros. 

Tais entendimentos prévios e planejamentos são de um realismo impressionante. A dra. Wambach colheu, por exemplo, o depoimento de uma pessoa que, percebendo que a mãe estava pensando em provocar um aborto, manteve com ela um contato decisivo, de espírito a  espírito, e ganhou sua causa, pois conseguiu que ela desistisse de seu funesto intento. 

Outra narrou uma curiosa historinha que vale a pena resumir, pelas lições que contém. 


Paz!

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