terça-feira

Nossos Filhos São Espíritos // 03

Capítulo 03 
COMO REORDENAR O PENSAMENTO 
       VIMOS, HÁ POUCO, QUE A IDEIA do renascimento irá servir, neste livro, para reordenarmos o pensamento em relação àvida. Vamos ver mais algumas coisas que precisam ser desaprendidas para desocupar lugar para o que se torna necessário reaprender. 

       Por exemplo, olhamos um bebê e logo dizemos: — Parece um anjinho inocente! — Pode ser até que seja mesmo um anjo de bondade e ternura, de sabedoria e amor e, em casos raros, excepcionais, um ser muito próximo da inocência, se considerarmos esta como ausência de malícia, não a pureza de quem nunca tenha errado. Não aquele que nunca tenha cometido erro algum, mas o que já se redimiu dos que cometeu, já corrigiu suas más tendências, já superou suas deficiências e alcançou o Reino de Deus, que é a construção da paz em si mesmo. 
       
A criança é um espírito que nos foi confiado por algum tempo. Raramente é um ser moralmente perfeito e acabado. Não é, também, a não ser em casos raros, um demônio de maldade chocante. A angelitude e os mais tenebrosos graus de transviamento moral são extremos que, ao contrário do que costumamos dizer, não se tocam. Aquele que percorre milênios vivendo, vida após vida, na sistemática prática do erro deliberado, acaba descendo tão fundo na escala de valores morais que fica com um longuíssimo e penoso caminho a percorrer para retornar. E difícil, mas não impossível, a tarefa da conquista da paz. 

       Não há anjos, nem demônios, apenas criaturas que muito se aperfeiçoaram ou muito se transviaram, mas que continuam sendo seres humanos. As almas ou espíritos designados para animar os corpos físicos de nossos filhos são seres em evolução, como nós mesmos e aos quais certos vínculos ou compromissos nos ligam por esta ou aquela razão. 

Todos nós temos mesmo de morrer, mais cedo ou mais tarde. Nisso não há o que discordar, nem é preciso demonstrar tão óbvia realidade. Pois bem, morre o corpo físico descartável que fica por aí, enterrado, cremado ou o que seja, enquanto o espírito parte para o outro lado da vida. Daqui a algum tempo — pode ser uns poucos anos ou alguns séculos —, quando voltarmos à Terra para renascer em outro corpo, vamos ser anjos de pureza ou demônios de maldade somente porque recomeçamos uma vida na carne, na condição infantil? 

Nada disso. Seremos aquilo que fomos até então, com todo o aprendizado anterior, as experiências, as conquistas e as tendências que até então cultivamos, sujeitos, contudo, a uma condição limitadora que não temos como superar por algum tempo, ou seja, a de que não podemos expressar tudo quanto somos e sabemos, através de um corpo físico  que ainda está em elaboração, mesmo depois de desligado do organismo materno. 

A criança tem de fazer o reaprendizado da vida, nas condições em que renasceu. Terá de familiarizar-se com o novo corpinho que recebeu, aprender a língua de seu povo, bem como retomar conhecimentos  gerais, habilidades manuais, como desenho, escrita, manipulação de instrumentos, aparelhos, ferramentas e tudo mais. Terá, enfim, de readaptar-se ao meio em que veio viver, bem como às pessoas que a cercam, como pais, irmãos, parentes, vizinhos, amigos, etc., muitos dos quais pode ser até que já conheça de vidas passadas. 

E inevitável e necessário esse reaprendizado porque a lembrança consciente do passado vai se apagando, para ela, no momento em que começa a despertar no corpo físico. A consciência de um lado da vida geralmente acende quando se apaga a do outro lado.  E como se fôssemos dotados de um interruptor com dois terminais. Ao acender uma lâmpada, você apaga automaticamente a outra. Para lembrar-se de seu passado, precisa desligar-se do corpo físico, quando dorme, por exemplo, ou está desmaiado. 

Nesses momentos, a consciência não está presente. Na verdade, a consciência não se apaga de um lado para acender do outro, apenas se desloca de um lado para outro, ou seja, vai junto com o espírito, que tem o hábito de desligar-se, parcial e temporariamente, do corpo físico que lhe serve de abrigo e instrumento. 

Esta é mais uma informação que precisamos ter em mente em nosso relacionamento com a criança, durante sua fase de aprendizado, ou, como dizia Platão, de reaprendizado, já que, no entender do filósofo, aprender é recordar o que já se sabia de vidas anteriores. 



Paz para todos...

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