domingo

A Casa do Escritor XVIII

XIV - NO TÉRMINO 
No final deste curso, em meio à emoção e à euforia pelo objetivo alcançado, um novo sentimento começou a tomar conta de mim. Não estava este sentimento ligado à vitória e à conquista. Era um sentimento de plenitude, um prazer imenso de "viver", sentir em plenos poros da alma o amor que Deus tem pelo homem e por tudo que é seu.

Como sempre, não pude deixar de me lembrar das recomendações de meu pai, que muitas vezes não cheguei a compreender. Em certa ocasião, já desencarnada, e com imensas oportunidades de conhecer e estudar o que almejo fazer, ele me disse:

"Patrícia,devemos buscar o conhecimento sem cessar e com todo empenho, mas ele não deve ser tido como fim e sim como meio. Pois arquivos mentais são coisas do passado e Deus não está no passado e nem no futuro, Deus é atemporal. No seu tempo, o importante é viver a vida pela vida, o amar, o viver pela própria beleza do viver este imenso, infinito e amoroso Deus."

Naquele momento estava sendo agraciada sentia-me parte una com o Pai. Feliz de ser o que era, ansiava profundamente atualizar todos os meus talentos para que nesta ação pudesse demonstrar todo o meu amor e carinho por aquele que é o Criador e Pai de todos nós.

Como o tempo corre depressa quando estamos felizes! O curso já acabava e fazíamos planos para o futuro. Cada um de nós, com muito entusiasmo, planejava o que faria depois. Todos animados com as novas tarefas e contentes com o trabalho pela frente. 

Eu também fazia meus planos com muito carinho. Já tinha escrito meus livros que iria ditar à médium. Livros estes feitos com cuidado e muito amor, trabalho que os orientadores da Casa aprovaram.

Logo minha tia e eu trabalharíamos juntas. Tudo que começa tem continuidade,e término. Iria por tempo determinado trabalhar com a Literatura, ditando minha vivência aos encarnados. Planejei também o que iria fazer após este trabalho. Vou continuar a estudar em Colônias de Estudo. Mas meus conhecimentos não vão ficar sem dar frutos. Irei também ser instrutora, ensinar em cursos. Isto é que desejo e sonho.

E querer desencarnada é quase sempre poder, principalmente para o espírito que quer progredir e ser útil. Eu quero e muito.

Meu trabalho em ditar os livros faço em horas diárias. Digo trabalhar, sim, porque todos que exercem uma atividade intelectual, mental ou material estão trabalhando. E foi um trabalho que fiz, fizemos com muito gosto. Não só trabalhava quando ditava e a médium escrevia.

Ficava com ela mais horas, enquanto ela trabalhava materialmente na sua casa, nas tarefas diárias de dona-de-casa; conversávamos mentalmente, falando de fatos, trechos que íamos escrever à tarde. E não foi um ditado somente. No mínimo, foi escrito três vezes cada capítulo, alguns pedaços muitas vezes mais. Tudo isto tentando fazer o melhor possível. Neste tempo tive também o encargo de cuidar dela, da médium, de sua casa e família.

Mas tive muito tempo livre e não ficava ociosa.Ia muito ao meu lar terreno,ao Centro Espírita, às Colônias onde tenho amigos. Fiz parte da equipe de ajuda a filiados na Casa do escritor. Meu cantinho continuou lá. Freqüentava as reuniões tão agradáveis que a Casa promove. Conversava nos seus pátios, onde o entusiasmo é constante.

Íamos muito visitar as bancas do Livro Espírita por todo o Brasil, como também ajudar, sempre que solicitada, as Editoras, os revendedores e também alguns leitores. Muitas pessoas ao ler pedem ajuda ao escritor, ao médium, se o livro é psicografado. Estas ajudas são particulares e quase sempre os pedidos nos chegam por meio de orações.

Dificilmente o médium ou o escritor encarnado pode ajudar e nem sempre o escritor desencarnado pode ir no momento ao seu auxílio. Mas a equipe vai, estuda, analisa o problema e, na medida do possível, a ajuda é realizada. Claro que não se pode fazer tudo que nos pedem. Na maioria das vezes, cabe ao encarnado resolver o problema. Mas só o fato de a equipe visitá-lo, o pedinte recebe fluidos salutares, bons, de entusiasmo e ânimo.

Nesse tempo, participei de muitas reencarnações de filiados. Muitos moradores que se preparavam há tempo decidiram encarnar e continuar a tarefa na carne. Houve também desencarnações esperadas que mereceram nossa ajuda.

Muitos voltaram vitoriosos, outros cumpriram pela metade o que se propuseram. Muitas e muitas vezes, fomos aos filiados encarnados dar forças e entusiasmo nos trabalhos desenvolvidos. Se espíritos maus os desanimam, cabe a nós animá-los. Porém, o encarnado tem seu livre-arbítrio e escuta quem quer.

Foi um trabalho proveitoso, no qual aprendi muito.

Certamente, quando partir, meu cantinho será ocupado, tratei de deixá-lo como antes de ocupá-lo.

Mas, voltando ao término do curso, fizemos planos e pela bondade do Pai tudo deu certo, a euforia era grande. Não terminamos o curso como começamos. Nossos conhecimentos aumentaram, tornamo-nos mais capazes e amadurecidos. Não houve festa, mas uma reunião em que amigos e moradores da Casa estavam presentes.

Convidei muitos amigos e - que surpresa agradável! - quase todos eles compareceram. Frederico me presenteou com um lindo ramalhete de rosas azuis. Antônio Carlos, meu maior incentivador, não escondia seu contentamento. Vovó e amigos da Colônia São Sebastião foram também me cumprimentar. Amigos da Casa do Saber, do Centro Espírita, enfim, muitos ali estavam para me desejar êxito no trabalho que eu iniciara.

Não achava fácil ditar aos encarnados, mas dois anos de estudo me davam um pouquinho de confiança. Nós oito, os formandos, estávamos felizes e emocionados, neste tempo juntos tornamo-nos realmente amigos.

- A tarde parece diferente! - exclamou Ruth. - Talvez, se fosse outro dia, não notaríamos a diferença. Mas como é hoje o término do nosso curso, sinto-a diferente.

Acho que é porque estou muito feliz!

Ruth iria tentar, tanto como eu, ditar aos encarnados.

- Estou pronta a escrever. Mas a parte encarnada estará? - disse com um sorriso.

- Confie e trabalhe! - respondi.

Ruth estava pronta, era ótima em redação, fez o curso com louvor. Mas preocupava-se com a médium que iria servir de intermediária, esta estava desanimada e não perseverava nos treinos necessários. Todos nós tínhamos consciência das dificuldades que encontraríamos. Nada se realiza facilmente. Mas o entusiasmo em construir, em realizar, era forte em nós.

Todos reunidos no salão principal que estava enfeitado com muitas flores, a reunião começou com uma prece agradecendo a oportunidade que o Criador nos dera.

O diretor da Casa, que estava na direção há dois meses, porque, como já foi dito, a direção faz rodízio, agradeceu a presença de todos e incentivou os presentes ao estudo para que pudéssemos cada vez mais ajudar com sabedoria.

Também ouvimos Aureliano e Maria Adélia, estes dois mestres competentes e estudiosos que nos cumprimentaram, motivando-nos a seguir sempre em frente e não parar diante das dificuldades.

André Luiz veio nos apadrinhar. Abraçou um por um dos que concluíram o curso, dizendo palavras de carinho e incentivo. Brindou-nos com suas palavras.

- Caros convidados e caros companheiros! Uma nova tarefa os espera, não pensem que não terão dificuldades a vencer. Dificuldades solucionadas são degraus que subimos no progresso. Façam seus trabalhos com entusiasmo e carinho. Insistam e realizem! Que seria de nós, se Jesus não tivesse encarnado?

Se ele, achando que seria inútil e que não valeria o esforço, não tivesse se revestido do corpo de carne para nos ensinar? Como estaríamos sem seus ensinos fabulosos? Não nos igualemos ao Mestre, mas exemplifiquemos a sua conduta. Vamos fazer o que nos compete, mesmo que seja uma obra considerada pequena, porque, é fazendo, que um dia poderemos dizer:

Está feito!

Sintamos sempre na tarefa realizada a oportunidade que recebemos para progredir através do fazendo, realizar! Que todos consigam! Palmas se ouviram pelo salão.

Fomos abraçados e abraçamos.

A alegria era única. Grata, guardei os acontecimentos em minha memória e no
meu coração. Sentia-me sempre e cada vez mais feliz!



Patrícia / Espírito
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho / médium.
bjs,soninha

FIM

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