sexta-feira

Agora



AGORA

Eis o tempo que passa... Um juiz onde fores,
Espírito da Lei que a tudo envolve e doma.
Ontem, do Nilo em festa à grandeza de Roma,
Era a glória do mundo em cinzas e esplendores.


Hoje, carro triunfal dos sonhos redentores,
Em que a bênção do dia é celeste redoma,
Onde a vida se alteia e, pura, se retoma
 Para erguer-te a alegria e suprimir-te as dores.


Amanhã será sol em pleno trilho escuro,
Almenara de amor a indicar-te o futuro
No horizonte da paz, onde a esperança mora.


Mas do tempo que é sombra, anseio, plano e anelo,
Nos caminhos do Tempo, eis que o Tempo mais belo
É o momento imortal que chamamos “agora”.


Alceu de Freitas Wamosy*
Livro:Antologia dos Imortais
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.



(*) Poeta e jornalista, AW trabalhou ativamente na imprensa, principalmente depois que fixou residência em Livramento, tendo sido diretor de O Republicano. Patrono da cadeira n 40, na Academia Sul-Riograndense de Letras. Sua poesia é essencialmente subjetiva, com impressões de vida interior. Prefaciando-lhe a obra póstuma Poesias, Mansueto Bernardi afirmou : «Alma de eleição, um dos mais finos temperamentos artísticos do Rio Grande, uma das belas vazes da poesia, no Brasil. » E mais adiante, observava : «Ao mesmo tempo que o pensamento do amor, o pensamento da morte o acompanha sempre. (...) Foram eles, por assim dizer, o amor e a morte, assim como a luz e a sombra dos seus olhos, o mel e a cicuta dos seus lábios, a sístole e a diástole do seu coração.» (Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 14 de Fevereiro de 1895 – Livramento, Rio Grande do Sul, 13 de Setembro de 1923.)

BIBLIOGRAFIA: Na Terra Virgem; Coroa de Sonhos; etc.

abçs, 

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