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A Casa do Escritor VIII


IV - A CASA DO ESCRITOR

Que prazer nos proporciona fazer algum trabalho sem estarmos esperando ou condicionados a um pagamento, ou agradecimento de outras pessoas.

Até então, desde o meu desencarne recebera incessantemente amor, carinho, conhecimentos e uma oportunidade atrás da outra.Sempre que terminava um curso, meus fraternos amigos já providenciavam outro.

Sentia-me feliz e desejosa de transmitir esta felicidade a outras pessoas, de gritar ao mundo tudo o que eu sabia e vivia, sonhando com a hipótese de que todos iriam aceitar o que dizia, comungando comigo toda alegria e felicidade de que era portadora.

O curso na Colônia Casa do Saber terminou com o mesmo clima de alegria e harmonia que houve em seu decorrer. Cada um de nós, agora, deveria fazer uma atividade diferente, muitos iam ser instrutores nas Colônias de Socorro.

Congratulamo-nos uns com os outros, felizes por termos realizado mais uma etapa da nossa vivência espiritual. N.A.E. - Denominamos Colônias de Estudo aquelas onde há somente escolas.

Colônias de Socorro são aquelas onde há também os hospitais e onde são internos.Particularmente, estava radiante. A Casa do Saber estaria sempre nas minhas recordações e voltaria sempre lá para rever os recém-socorridos, como a Colônia São Sebastião que já descrevi em livros anteriores e a tão conhecida Colônia Nosso Lar.

Numa cerimônia simples, mas agradável,nós nos despedimos.Fui visitar a Colônia São Sebastião e fiquei na casa da vovó. Revi meus amigos. Como é gostoso estar com os que amamos, trocar idéias e informações. Pude estar perto das minhas violetas que continuavam lindas e floridas. Sempre sinto muita Paz ao estar com elas.

São um pedacinho de minha mãe perto de mim. Aproveitei os dias livres que tive para também rever amigos e familiares encarnados.Logo ia começar uma nova atividade, recordei uma conversa agradável que tive anteriormente com meu amigo Antônio Carlos.

Ele estava sempre me incentivando para que me dedicasse à Literatura.

- Patrícia,escreva aos encarnados suas experiências–dizia entusiasmado.- Aprenderá muito com este trabalho. Com sua narração, brindará os encarnados que gostam da leitura edificante, contando o que é a vivência no mundo dos Espíritos para uma pessoa que, encarnada, foi Espírita fervorosa e praticante.

Dará, com seu exemplo, incentivo aos bons Espíritos. Os encarregados na espiritualidade da divulgação da Doutrina Espírita almejam mandar para os encarnados relatos de um desencarnado que teve conhecimentos do Espiritismo, quando no corpo físico. Mostrará nestes escritos como é fácil a desencarnação e a adaptação dos que retornam à Pátria Espiritual com conhecimentos verdadeiros e isentos de erros.

Os bons espíritas estão necessitados de motivação e da confirmação do ensinamento que está no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVIII - "Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito recebem, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhes será dado".

- Bem, se você acha realmente que devo tentar,necessito aprender,porque sei que não basta boa vontade para fazer algo bem feito.

- Tem razão.Necessita aprender,estudar para realizar este trabalho.Não se deve fazer sem este preparo, nem sem autorização dos espíritos encarregados deste setor. Treino já tem. Ao ditar mensagens aos seus pais, neste tempo, treinou. Este treino é para o melhor entrosamento entre o médium e o desencarnado que irá escrever ou ditar.

- Todos que ditam livros pela psicografia fazem este estudo?

- Deveria ser assim. Quando o desencarnado quer, realmente, ele faz sem o visto do pessoal encarregado do bom desenvolvimento literário.

- Os que querem se exercitar com a psicografia têm muito trabalho?

- Patrícia, não se faz nada bem feito sem esforço,trabalho e perseverança de ambas as partes, a encarnada e a desencarnada.

Veja o exemplo de sua tia Vera,estudou muito a Doutrina,treinou nove anos para escrever o primeiro livro.Enquanto ela se preparava,eu também me preparei,estudei, fiz e faço parte desta equipe literária. Tudo que escrevo é passado pela censura desta casa, para depois ditar à médium.

Este ditado é feito no mínimo três vezes,para que após seja editado aos encarnados. Todos os que querem fazer um trabalho edificante, de boa vontade, espontaneamente, se submetem à apreciação desta equipe.

- São muitas as casas, Colônias, que se dedicam a este trabalho?

- Muito se trabalha para ter uma Colônia deste tipo no espaço espiritual de cada país. Temos uma que coordena o trabalho de todas que se chama "Mansão dos Intelectuais", da qual faz parte Allan Kardec.

Esta mansão lindíssima é móvel como todas as outras que seguem sua orientação. Já tivemos oportunidade de tê-la muitas vezes no espaço brasileiro. Muitos bons escritores brasileiros trabalham nela.

O objetivo principal é incentivar os que queiram fazer a Literatura que educa na boa moral e motivar todos a apreciá-la.

Todos nós vibramos com as boas obras editadas. Aqui no Brasil temos A Casa do escritor.

- A Casa do escritor?! Que bonito nome!

- Você irá gostar dela.Lá estudará por dois anos.Dedicar-se-á ao estudo de como escrever, o que escrever e para quem escrever.

- Esta casa é dedicada só aos escritores?

-Apesar de se chamar assim, dedica-se a toda boa literatura.

Quando foi criada, seu objetivo maior era formar bons escritores em cursos que existem até hoje. Seus trabalhos foram aumentando. Atualmente dá assistência aos seus pupilos, quando encarnados. Orienta todos que querem educar, instruir, informar sobre o cristianismo e sobre a boa moral.

Dá assistência às editoras que trabalham com bons livros e estende esta ajuda a todos que se dedicam a divulgar e vender estes livros.

- Certamente os livros Espíritas fazem parte da assistência desta casa?

- Com carinho primordial. Desde que o Espiritismo surgiu, têm seus livros educado, fazendo progredir inúmeras pessoas.

Tratamos, na Casa do escritor, com toda atenção que merece a Literatura Espírita e todos os que trabalham com ela.

Desde que tivemos esta conversa,ansiava por conhecer esta Colônia que cuida com tanto amor da Literatura Espírita que sempre amei. Não tomei a decisão de ditar aos encarnados sem antes pensar e ouvir amigos.

Fui incentivada por todos eles.

Matriculei-me no curso. Não foi preciso ir à Colônia para isto. Da Casa do Saber mandei, por um aparelho, parecido com um fax dos encarnados, meu histórico e pedido de matrícula. A resposta me aceitando veio de imediato. Era só aguardar o início.

Tudo que se marca data chega. Antônio Carlos fez questão de me acompanhar. Convite que aceitei prazerosa. Contente, fui conhecer a tão falada Colônia.

A Casa do escritor não tem sistema de defesa. Parece estar flutuando no espaço.Que visão maravilhosa é vê-la cercada de árvores e flores.

- A Casa não é atacada? - indaguei curiosa.

- Muito raramente.Quando é sentida a aproximação de irmãos ignorantes que vêm com intenção de atacar e perturbar, alguns moradores saem para o pátio e enviam ondas mentais que neutralizam tanto os atacantes como as suas armas.

Isto é possível porque na casa estão somente espíritos equilibrados e harmoniosos.

- Que linda! - exclamei, ao descermos no seu pátio da frente.

Olhando-a pareceu uma imensa mansão, onde a tranqüilidade se faz presente.

Observei-a por um tempo me extasiando com tanta Paz.

Suspirei feliz. Toda a Casa está rodeada de pátios com muitos canteiros floridos e pequenas árvores,iguais às que vemos na Terra.Tudo me encanta de um modo particular.

Árvores e flores são sadias, bem cuidadas, são respeitadas. Na Casa do escritor predominam as flores brancas. Como é gostoso olhar um canteiro florido, sentir a energia das flores.

Observava suas formas,sentia o seu perfume.Quem gosta da natureza, fica deslumbrado com os jardins do Mundo Espiritual.

Quem ama o local, sente o quanto ele é belo. É só observar e achar as belezas, o encanto das coisas simples.

A mansão é de uma beleza única, apesar da sua simplicidade. A sua visão nos induz à comunhão de conhecimentos, trazendo-nos lembranças das edificações da Grécia antiga. A construção é beginha clara, com inúmeras colunas brancas de uns vinte centímetros de diâmetro.

As colunas estão ao redor da construção toda, dando um encanto especial à Colônia. O telhado é um triângulo vermelho, lembrando realmente as casas bem cuidadas e bonitas na Terra.

Do pátio, sobe-se três degraus até a área com as colunas. Esta área tem dois metros e meio de largura, após, as paredes. Subi os degraus e não resisti: abracei uma coluna.

- Que lugar de encantos mil! - exclamei.

-De fato é cativante - disse meu acompanhante. - Identifico-me plenamente com
esta casa.

- Que desenhos magníficos!

Corri até as paredes para observar melhor. Nelas, desenhadas em relevo, mas da mesma cor, gravuras que mostram trechos da literatura antiga.São quadros fascinantes que se pode passar horas contemplando.

Os mais interessantes para mim são os desenhos sobre a Bíblia, em especial os de Moisés escrevendo parte do Antigo Testamento. O piso nesta área entre as colunas e as paredes é de um vermelho clarinho, brilhante e também contém gravuras maravilhosas da história antiga.

Como é agradável observar quadro por quadro, analisando seus detalhes perfeitos.

- Aqui estamos - disse Antônio Carlos, sorridente. - No seu novo lar.

- Mora aqui também?

- Sim, tenho minha sala onde escrevo. Amo a Literatura Espírita e esforço-me para participar de sua divulgação. Gosto de modo especial das reuniões que a Casa promove.
 
Olhando de frente, vemos várias portas. Algumas estavam abertas.

- Estamos sendo aguardados nesta sala-disse meu amigo,despertando-me do êxtase da contemplação da casa.

Caminhamos para uma das portas abertas. Entramos.Defrontei-me com uma sala agradável, não muito grande, enfeitada com quadros e vasos de flores. Os quadros no Mundo Espiritual são realmente lindos, pinturas de artistas que se pode ficar horas contemplando.

Na Casa do escritor há quadros exaltando a leitura e a escrita.Obras de arte encantadoras. As janelas são delicadas e redondas, algumas, com vidros coloridos e claros, estão do lado contrário ao da porta. Na sala havia algumas poltronas confortáveis.

Um grupo animado conversava em pé.Antônio Carlos conhecia algumas pessoas presentes porque assim que entramos foram cumprimentá-lo e também a mim.Sentia-me à vontade e logo estava conversando.

Com a chegada de todos, começou a palestra. Havia na sala trinta pessoas.
Fomos convidados a sentar.

- Atualmente,sou diretor desta casa.Digo atualmente porque,após um acordo entre todos os moradores, fazemos rodízio no cargo de orientação. Sejam bem-vindos!Aqui estamos reunidos, professores, alguns convidados e os candidatos aos dois cursos que logo iniciarão.

O primeiro é para os que desejam ditar a encarnados, por meio da psicografia. Como também há os que desejam inspirar, sem serem notados, os encarnados nos seus trabalhos escritos.

O segundo curso é para os que querem preparar-se e estudar para encarnar e, quando encarnados, dedicarem-se à literatura edificante.

Espero que gostem tanto da nossa casa como dos cursos escolhidos. E sintam aqui como se fosse o próprio lar. Aqui estão os professores do primeiro curso, professor Aureliano e professora Maria Adélia.

Que simpáticos eram meus professores, gostei muito deles.

Após apresentou os professores do segundo curso. Pediu que cada um de nós se apresentasse. Fiz com alegria. Éramos oito a fazer o primeiro curso. Este só inicia quando termina o outro. Assim, só de dois em dois anos tem início. Sabemos também que nem todos os que concluem o curso têm oportunidade de ditar a um médium.

Alguns o fazem mais para ter experiências, por gostar, ou até mesmo se preparando para serem médiuns psicógrafos, ao encarnarem.

Depois de o diretor ter falado sobre algumas normas da casa, ele pediu a um dos professores que fizesse uma oração. As orações espontâneas feitas por aqui são simples,normalmente curtas, mas sinceras e comoventes.

Numa atitude de espontânea fraternidade, fomos convidados a conhecer a Colônia. A Casa do escritor é considerada uma Colônia pequena. As portas que dão acesso à mansão nos levam aos salões, menos a do meio que leva ao interior da casa. As salas são todas parecidas, muito agradáveis, enfeitadas com lindos quadros e flores brancas. Duas destas salas se destacam pelo seu tamanho.

- Estas salas são para palestras, encontros que a casa promove com todos os seus filiados encarnados e desencarnados disse o diretor.

- Pelo número de salas deve haver muitas reuniões - comentou um dos alunos.

- Tem razão. Estamos sempre trocando idéias,promovendo eventos,organizando tarefas. Reunimo-nos com grande fraternidade em conversas edificantes.

Adentramos um amplo corredor que nos levaria ao interior da Colônia,ultrapassando as salas, e defrontamos com um agradável e delicado pátio para onde as janelas dos salões dão acesso. Os pátios se assemelham, todos têm muitos encantos.

Seguimos pela galeria.

Para melhor memorização do leitor, diríamos que as salas de aula, a biblioteca e a sala de vídeos estão localizadas na segunda ala.Após as salas, deparamos com um novo pátio, semelhante ao segundo que vimos.

- Nesta parte, estão as salas particulares.Todos nós,moradores da casa,professores, alunos e filiados desencarnados,temos um lugar particular,um cantinho só para nós - explicou bem-humorado o diretor.

Tanto a ala direita como a esquerda são providas de corredores os quais dão acesso às portas numeradas de ambos os lados.

Após estas salinhas há outro pátio e o término da Colônia. Ela é toda cercada com colunas brancas e suas paredes são desenhadas. De qualquer ângulo que a observamos, vemos o telhado em triângulo.

- Agora, os alunos irão receber um caderno de orientação, no qual está anotado o número da sala de aula e também o da sua sala particular. Estejam à vontade para conhecer o que quiserem. As aulas só terão início dentro de cinco horas - falou, sorrindo, o diretor, que entregou a cada um dos alunos uma caderneta com o nome gravado na capa.

O diretor despediu-se de todos com um sorriso cativante.

Antônio Carlos aproximou-se de mim.

- Patrícia, quero lhe mostrar minha sala.

Enquanto caminhávamos pelo corredor, perguntei ao meu amigo:

-Antônio Carlos,aqui terei muitas horas livres.Que poderei fazer para preenchê-las?

- Esta casa segue o horário da Terra.Aqui os moradores não dormem nem se alimentam. Ninguém fica sem fazer nada. Aqui é muito movimentado. A casa recebe muitas visitas, há muitas palestras das quais poderá participar, com isto aprenderá muito.

Estão sempre organizando grupos de auxílio a encarnados filiados.Também poderá freqüentar a biblioteca, poderá ir mais vezes à Terra, e em outras Colônias, além da Colônia São Sebastião. Terá muito o que fazer. Entre, por favor, aqui é minha sala.

Para este espaço particular no plano espiritual damos muitos nomes.Quartos, nas Colônias de Socorro, porque muitos ainda dormem, mas chamamos também de gabinetes, salas, etc.

O cantinho de Antônio Carlos é bem agradável. Umas cadeiras, escrivaninha e uma estante repleta de livros.

- Aqui guardo exemplares que ganho!

- Mas há livros de escritores encarnados!

- Certamente.Livros bons de encarnados são plasmados aqui.Escritores bons têm acesso à casa.

Conversamos muito, nós e eles. Aqui fazemos até noite de autógrafos. Muitos destes livros estão com dedicatória. Orgulho-me em tê-los. Aqui tenho tudo o que preciso.

Amo meu cantinho. Agora, vamos conhecer sua sala.

Passamos para outra ala, à direita,no número indicado paramos e entramos.A minha sala era como a de Antônio Carlos,algumas cadeiras,uma escrivaninha e a estante.

- Você pode decorá-la como quiser.

Dias depois decorei-a com quadros e vasos de flores, coloquei na pequena estante livros, cadernos de anotações e as fotos de meus familiares. Em destaque, as dos meus sobrinhos Rafael e da pequena Patrícia.

- Que bonitos lustres! - exclamei.

Os lustres têm formatos delicados.A Colônia tem iluminação artificial como nas demais Colônias que seguem o fuso horário da Terra. À noite a Colônia é linda, parece uma estrela de longe, de perto é muito luminosa. Dentro da casa é claro como o dia.

Depois de ter visto minha sala,Antônio Carlos me convidou para conhecer a biblioteca. É muito bonita e grande. Diferente das outras que conhecia. Exerce um fascínio todo especial nos seus visitantes e freqüentadores. Nela encontramos mais livros sobre Literatura,livros históricos e sobre variedades,livros espiritualistas e Espíritas.

Nas salas de vídeos, o assunto se assemelha. Antônio Carlos mostrava tudo com entusiasmo. Ama de modo particular esta casa. As horas passaram.

- Patrícia, logo mais começa sua aula.Não vamos nos despedir,pois estou sempre por aqui e estaremos sempre nos encontrando. Quero dizer-lhe que é bem-vinda a este Lar.

Sorri, agradecendo. Sentia-me bem ali e já amava aquela casa.Preparei-me para a primeira aula.


Patrícia / Espírito
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho / médium.

continua...

bjs,soninha

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