segunda-feira

A Casa do escritor III



I- Colônia de Estudo

- Agora você já conhece sua nova morada.

- Estou encantada e agradecida, Antônio Carlos. Obrigada por tudo.

Abraçamo-nos com carinho.

Entramos, Rosely e eu, no prédio das salas de aula, estava emocionada.

Atravessamos corredores e paramos diante de uma porta na qual minha cicerone bateu de leve. A porta abriu e um senhor de agradável aspecto nos cumprimentou, sorrindo.

- Boa tarde! Sou Leonel.

- Boa tarde! Sou Patrícia.

Uma nota curiosa, na Casa do Saber usa-se muito o cumprimento "A Paz esteja convosco" ou "A Paz seja convosco!" Às vezes, costuma-se dirigir-se ao outro com um oi ou um olá. Como não escurece, não se usa nunca o boa-noite, mas, às vezes,costuma-se ouvir os cumprimentos tradicionais da Terra de bons presságios como bom dia e boa-tarde. Realmente, se desejados de coração, recebemos com os cumprimentos votos de harmonia.

- Entre, por favor.

Leonel dirigiu-se a mim gentilmente e virando-se para a turma me apresentou.

Esta é mais uma aluna. Seu nome é Patrícia.

Fique à vontade, logo conhecerá todos. Acomode-se.

Acomodei-me numa escrivaninha. Olhei a sala, era grande, espaçosa, tinha quarenta alunos que me olharam sorrindo. Senti-me à vontade.

Logo no primeiro intervalo me enturmei. Todos eram excessivamente agradáveis. Já não se conversava mais sobre desencarnações ou o que era ou o que foi quando encarnado. O assunto preferido era sobre estudos. Encantei-me com todos.

Assim, os dias sempre calmos, horário todo preenchido, o tempo passou rápido,como sempre acontece quando estamos felizes.

A Casa do Saber foi meu lar por dois anos consecutivos. A maior parte do tempo passei nas salas de aula, nas salas de palestras e no Recanto da Paz,como é chamado o jardim da Colônia. Ali, vendo as flores, a cascata, muito pensei, meditei no que aprendia.

Amadureci muito, era uma nova Patrícia, equilibrada,mais feliz ainda,só não mudara minha sede de saber, de conhecer.

Tive, neste período, muitos mestres que foram verdadeiros amigos e dos quais guardo as melhores recordações e sentimentos de gratidão. Aprendi muito dos Evangelhos e do Plano Espiritual.

Passei a falar corretamente o Esperanto e a me comunicar pelo pensamento, no final do curso só nos comunicávamos assim. Visitamos outras Colônias de Estudo na mesma área, eram todas um tanto parecidas, cada qual com seu encanto. Fomos a muitas Colônias de outros países, onde treinamos o Esperanto e a comunicação pelo pensamento.

Estas excursões nos maravilharam, é sempre agradável conhecer e fazer novos amigos. O estudo nesta Colônia é também uma complementação do estudo que fiz anteriormente e que descrevi no livro "Vivendo no Mundo dos Espíritos". Muito vi e aprendi.

Mas maravilhava-me cada vez mais com os conhecimentos que adquiria e ansiava por continuar sempre aprendendo.

Tínhamos muitas horas de estudo por dia, completávamos com muitos trabalhos que fazíamos em grupos. Fiz muitas amizades, todos os habitantes da Colônia eram e são meus amigos, mas sempre há alguns que nos completam mais, são mais afins. Entre eles, uni-me com sincero carinho a Lúcia, Inês e Murilo.

Reuníamo-nos em grupinhos nos gabinetes, ora de um, ora de outro, para trocar idéias. No começo, conversávamos, após o grupo ficava em silêncio e se comunicava pelo pensamento.

Éramos alegres sem ser alvoroçados. Reuníamo-nos também no jardim, sempre debaixo de algum caramanchão, sentados nos seus bancos confortáveis,tendo por companhia as frondosas árvores que nunca deixei de admirar.

Tínhamos momentos livres, nos quais tanto podíamos receber visitas como sair a visitar. Aprendi logo a me locomover nesta esfera e a achar com facilidade a Casa do Saber. Nas minhas horas livres, ia à Colônia São Sebastião rever amigos, visitar, na Terra, meus familiares e sempre ditava mensagens a eles.

Há sempre muitos estudantes nestas Colônias.Todos unidos pelo objetivo de aprender, são espíritos afins. A turma dos veteranos se une em conversação sadia com os novatos e o assunto preferido é o que se estuda no momento. Freqüentávamos muito a biblioteca e íamos sempre às salas de vídeos. Não eram somente meus lugares preferidos, mas de todos. Nestas salas, acha-se de tudo, seus assuntos são completos.

Não só freqüentávamos para fazer os trabalhos, como também íamos nas horas de lazer para ver ou rever fitas ou livros de nosso agrado.

Nesta Colônia ou em Colônias assim, não há mais o tão comentado bônus-hora. Bônus-hora é uma forma de pagamento de trabalhos prestados como um incentivo para ser útil. É usado nas Colônias de Socorro. Tudo o que se faz numa Colônia de Estudo é por prazer, por vontade. E é sentida a imensa gratidão por ali estar.

Só quem almeja o Saber, ama o aprender, realiza-se numa Colônia de Estudo.Para mim, foram dois anos de imensas alegrias, em que tive o prazer de desfrutar a harmonia desta Colônia encantadora.
  
 Patrícia / Espírito
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho / médium.
continua...

bjs,soninha

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