terça-feira

Morri! e Agora ? // 05

Capítulo 5
Preconceito

O que será de mim quando morrer? Ai, meu Deus! - exclamei baixinho.

Estava num leito do hospital morrendo em conseqüência da AIDS. Sofria com muitas dores, enjôos, tonturas e mal-estares. Meu corpo definhava e, injeções. sondas me maltratavam.

Glorinha entrou na enfermaria com um vasinho de flores e uns pacotes de bolachas.

- Oi Tonzé! Como está José António? - cumprimentou-me beijando-me.

- Mal, amiga. Acho que estou para morrer - respondi.

- Nem fale isso! Você viverá muito - disse animando-me. Falou por minutos dando-me notícias de amigos e de pessoas conhecidas. Gostava de Glorinha. Prestei mais atenção quando me falou do orfanato.

- As crianças perguntam de você, do palhaço Ton. Quando lhes falei que estava doente, os pequeninos oraram para você se curar. Ontem fizemos uma festa para eles. Estou indo ia também às quartas-feiras para dar aula de reforço, faço o que você me aconselhou. Isso me faz muito bem. Pedi para a diretoria do orfanato me empregar e se isso acontecer não farei mais programas. Vou viver do meu salário, só que não terei mais dinheiro para comprar presentes para a garotada.

- Faça isso, Glória! Veja bem o que pode ocorrer com nosso corpo, não somos nada. Você não dará presentes, mas dará carinho, que para os órfãos é mais importante do que os objetos materiais.

Terminado o horário de visita, Glorinha foi embora e fiquei pensando. Tinha muitos amigos e eles vinham me ver, traziam mimos e agradavam-me, tentando me animar.

Avisei meus parentes que estava doente. Tinha irmãos, sobrinhos, tios e muitos primos.

Somente um irmão veio me ver. Lembrei-me com tristeza dessa visita; ele foi frio, discreto, cumprimentou-me sem me encostar.

"Boa tarde, José António! Queria me ver?"

Queria falar tantas coisas para ele, mas diante de sua expressão de desprezo, disse somente:

"Queria lhe dizer que tenho um apartamento que está usufruto de você e dos nossos irmãos. Quando os avisarem que morri, venda-o e repartam o dinheiro."

"Você tem dinheiro em bancos? Está precisando de alguma coisa?"

"Não, obrigado, tenho tudo o que necessito. Não tenho dinheiro em bancos, somente possuo o apartamento. Gostaria de saber da família, dê-me notícias deles" - pedi.

"Estamos todos bem" - respondeu ele. - "Ainda bem que papai e mamãe estão mortos para não terem mais essa vergonha de saber que você morrerá de AIDS por ser homossexual."

Virei o rosto e esforcei-me para não chorar. Acho que ele queria me dizer umas verdades segundo a opinião dele, mas teve o bom senso de se despedir e ir embora. Não tive mais nenhuma visita da família.

A enfermeira veio me medicar. Era atenciosa e delicada.

- Obrigado! - agradeci, tentando sorrir.

- Tratar de você é um prazer, José António. É tão educado e não reclama. Acho que é por isso que tem tantos amigos.

Muitos dos meus amigos eram homossexuais, garotos e garotas de programa, mas também tinha muita amizade pelos companheiros de trabalho, com o pessoal do orfanato, vizinhos e proprietários dos locais em que fazia compras.

Não estava com vontade de ler e comecei a pensar na minha vida, em fatos que nesses anos tinham me acontecido. Não gostava de recordar o passado, mas não lutei com meus pensamentos, deixei vir as recordações.

"Homem não tem essa atitude! Vai levar uns tapas para aprender!"

Meu pai me deu uma surra. E não podia chorar para não apanhar mais. E assim foi minha infância, surras de papai, mamãe e ironias dos irmãos e parentes.

"Você é menino! Não é mulher! Ponha isso na cabeça e aja como homem, pelo amor de Deus! Não nos envergonhe!"

Não entendia o porquê das agressões. Agia com naturalidade. As surras me levaram a fingir, a tentar fazer coisas que meus irmãos e amiguinhos faziam. Mas era um desastre.

Não jogava bem os jogos ditos masculinos, não gostava de brigar e fui me isolando. As meninas gostavam de mim e eu delas, como amigo, mas me era proibido ficar perto delas. Vivi a infância querendo fazer uma coisa e tendo de fazer outra. Percebi que queria ser menina. E como queria!

Estava sempre triste e infeliz. Era desprezado em casa, e quando recebíamos visitas,tinha que me esconder, ficar no quarto, para não envergonhar a família.

Na adolescência foi pior. Passei-a isolado. Não podia ter amigas e os garotos corriam de mim.

Meus irmãos me detestavam, pois quando brigavam na rua eram chamados de irmãos de Maricá e outros adjetivos depreciativos.

Comecei a orar para Deus me fazer homem mesmo. Então minha mãe me falava:

"Você não deve orar. É uma peste maldita! Sua prece ofende a Deus. Você pertence ao demônio!"

De tanto me dizer isso, tinha receio de orar e ofender a Deus.

Um dia, ao voltar sozinho da escola, ouvi um chamado. Era um moço que se apresentou. Chamava-se Júlio. Convidou-me para tomar um café num barzinho em frente. Enquanto tomávamos o café, ele conversou comigo:

"Vejo-o sempre sozinho. Não tem amigos?"

"Queria tê-los, mas não posso conversar com as garotas e os meninos fogem de mim."

"Por quê? Está doente?" - perguntou Júlio.

"Acho que pior que doença é ser assim..."

"Homossexual?"

"Não o sou, acho que sou somente diferente" - respondi, querendo chorar.

"Entendo-o. Embora eu não tenha sofrido tanto preconceito, sou como você e muitos outros."

Passamos a conversar sempre, Júlio me esperava no bar e ia encontrar com ele quando saía da escola. Ficamos amigos. Um dia, um dos meus irmãos nos viu. Em casa, apanhei dele, de mamãe, do papai, e fiquei marcado, muito machucado, deixaram-me de castigo sem alimento. Dias depois, consegui sair de casa, quando mamãe foi fazer compras. Fui ao bar perto de onde morávamos e telefonei para o Júlio. Ele estava preocupado comigo e me convidou para ir morar com ele.

Fugi. O que me levou a sair de casa foi, que sem ter culpa, era a vergonha da família ou como diziam, a infelicidade deles. Escrevi um bilhete explicando que ia embora e pedindo desculpas. Arrumei minhas roupas e saí antes de mamãe voltar.

Júlio morava em outro bairro, mas perto. Fui para o apartamento dele. Tratou-me como amigo. Ele tinha um bom emprego, morava num apartamento confortável. Transferiu-me de escola, passei a estudar à noite, e me arrumou um emprego. Éramos somente amigos.

Ele me ensinou tudo o que sabia. Indicava-me bons livros para ler, como deveria agir, falar, vestir e o que acontecia comigo. Conheci outros homossexuais e compreendi queoutras pessoas sofriam como eu, passando pela mesma discriminação.

Escrevi muitas cartas aos meus pais, porém não foram respondidas.

Embora temeroso, um dia, em horário em que sabia que mamãe estava sozinha, fui visitá-la. Fui recebido friamente.

"Entre" - disse ela -, "não quero que lhe vejam aí na porta. Foi bom ter vindo."

Alegrei-me, para, em seguida, ter uma grande decepção.

"Aqui estão algumas roupas suas, quero que as leve. Como também quero que não escreva mais, não necessitamos de notícias suas, sabemos que mora com um homem.

Por favor, se nos quer algum bem, vá para longe, onde ninguém o conheça e não nos venham dizer que o viram.

Quis dizer a ela que nada fizera de errado; porém, diante de seu olhar rancoroso e frio, nada disse, e mamãe continuou a falar:

"Você, José António é um perdido! Vai morrer e ir para o inferno, é lá o seu lugar.

Deixou que o demônio tomasse conta de você, está perdido. Nós tentamos corrigi-lo,mas o demo foi mais forte. Quando morrer irá para o inferno queimar pela eternidade!"

Saí de casa atordoado, sofri muito e voltei para o apartamento. Júlio me consolou.

Até então, nada fizera de errado. Não compreendia o porquê de sofrer assim, ser discriminado; chorei muito.

Júlio resolveu mudar; fomos morar num bairro bem longe do local onde meus pais moravam.

Enturmamo-nos com outros homossexuais. "Se vou para o inferno sem ter cometido pecados, então vou cometê-los" - pensei. - "Por certo não sou mesmo filho de Deus. Se fosse, por que Ele me fez assim?"

Tive amantes.

Estudei, cursei uma Universidade, e me tornei um excelente profissional.

Júlio adoeceu, cuidei dele com muito carinho, a família dele também o ajudou. Ele ia à igreja e orava. Um dia, com muitos amigos no apartamento, um deles me perguntou por que não ia a nenhuma igreja e não orava. Júlio respondeu:

"Tonzé" - era assim que muitos dos meus amigos me chamavam - "tem vergonha de orar, acha-se indigno".

"Você indigno?! Nunca conheci alguém tão digno! Você é uma pessoa boa! Eu lhe devo uns dez favores. Acho que se alguém deve se envergonhar de orar são os hipócritas, os corruptos, os que tiram dos pobres. Se Deus o criou assim, não irá se envergonhar de você."

Sorri. Com dinheiro honesto do meu trabalho, comprei um ótimo apartamento para onde Júlio e eu nos mudamos. Foi também nessa época que amigos me convidaram para visitar um orfanato. Aquelas crianças sem afeto me comoveram. Passei a visitá-las, vestia-me de palhaço para alegrá-las. Tornei-me um voluntário. Aprendi a disfarçar meu jeito feminino, não queria ser, na minha opinião, mau exemplo. Era bem remunerado.

Do meu ordenado pagava nossas despesas, pois não quis que Júlio trabalhasse mais, o restante doava para o orfanato. Júlio morreu. Foi muito triste nossa separação.

No local em que eu trabalhava, encontrei com um ex-vizinho, os pais dele ainda moravam perto dos meus. Ele me deu notícias. Meus irmãos haviam se casado, meus pais, já velhos, estavam doentes e necessitando de dinheiro.

Resolvi visitá-los. Receberam-me friamente. Ofereci ajuda. .

"Trabalho meu pai, sou honesto e bom profissional."

"Se não é dinheiro do pecado, aceito. Mas não venha aqui, mande pelo banco."

E assim fiz até que morreram. Apaixonei-me. Tive então um relacionamento sério, ele era como eu, honesto, caridoso, trabalhador e ia comigo ao orfanato. Descobrimos que éramos soropositivos. Ele adoeceu, e eu cuidei dele até quando piorou e sua mãe o levou para a casa dela. Essa senhora bondosa me tratava bem. Ele sofreu muito e depois morreu. Senti-me muito sozinho e não tive mais nenhum relacionamento. Dediquei-me ainda mais às crianças do orfanato; elas me amavam.

- Fiz coisas boas também, não fui somente ruim! -falei baixinho.

- José António, trouxe uma pessoa para vê-lo! - falou uma enfermeira sorrindo e me apresentando à visita. - Esse é o padre Luís; e esse é o nosso paciente favorito!

- Boa tarde!

O padre me cumprimentou sorrindo, respondi baixinho e abaixei a cabeça envergonhado.A enfermeira afastou-se e, após perguntar como estava, ao que respondi com monossílabos, ele me indagou:

- Não gostou da minha visita? Estou incomodando-o?

Senti-me envergonhado diante da presença de um sacerdote, pois achava ser um representante de Deus na Terra. Como não respondi, ele falou:

- Não se envergonhe por estar doente!

- Tenho AIDS e a adquiri pela minha homossexualidade.

- Não vejo nada de errado em ser homossexual -disse ele.

- Mas tive parceiros!

- Não acha que já pagou por esse erro? Você está sofrendo! Por que não pede com sinceridade perdão a Deus por esses pecados já que reconhece que os praticou?

- Não tenho perdão! - falei, sentindo-me sufocado.

- Deus perdoa sempre! Agiu por acaso pior que um homicida ou ladrão? Forçou alguém a ter relações com você?

- Não senhor. Isso não fiz!

- Pode ter certeza que Deus o entenderá - falou o padre com convicção.

Tive vontade de contar a ele meus medos, mas estava me sentindo muito mal, a enfermeira teve de me colocar outra sonda para que respirasse e não consegui falar. O padre me abençoou e disse palavras de incentivo. Piorei, até que dormi tranqüilo.

Acordei sem nenhuma sonda e respirando quase normalmente.

- Bom dia José António! Como está você? - cumprimentou-me uma enfermeira, que eu não conhecia, com alegria, parecendo-me que cantava.

- Sinto-me bem! Melhorei graças a Deus! - respondi.

- E vai melhorar ainda mais. Que tal tomar uma sopa?

- Obrigado. Mas será que consigo?

- Claro que sim!

E foi me dando as colheradas.Na primeira temi não engolir,mas tomei toda, e me sentifortalecido.

Melhorei muito e senti-me aliviado pensando que certamente não iria morrer dessa vez. Ofélia, assim chamava a enfermeira, mimava-me, parecia adivinhar o que queria. E dias se passaram tranqüilos. Ela me levava ao jardim, local onde gostei muito de ir. Mas essa bondosa senhora tinha uma conversa estranha, gostava de falarem morte, tema que me apavorava. Dizia que todos morrem, que entendemos erroneamente esse fato natural, que o inferno não existe etc. Não queria ser indelicado com ela e não queria falar desse assunto. Estava me recuperando e já não me sentia com o "pé na cova", como costumávamos nos referir aos doentes terminais. Decidi lhe pedir com carinho para falar de outras coisas.

Estava no jardim, sentado à sombra de uma árvore florida, quando senti que alguém me observava, olhei para a porta que dava para o corredor e vi um menino que ao perceber que o vi, afastou-se.

'Aquele garoto parece muito com Aldo. Mas não é ele. Aldo já morreu! Não, não pode ser ele!" - pensei.

Quando Ofélia veio me buscar para retornar ao quarto, indaguei:

- Ofélia, têm crianças internadas neste hospital?

- Como pacientes, não. Crianças aqui somente como visitas. Por que pergunta?

- É que vi uma criança, achei-a parecida com Aldo, um menino que conheci no orfanato e que teve câncer. Sofreu muito, coitadinho, e morreu - respondi.

- É que...

- Não me fale mais que todos morrem, por favor -interrompi.

- Está bem, vou falar de outra coisa. José António, o que você faria para alguém que ajudou carinhosamente pessoas que você ama muito?

- Seria muito grato a ela e se pudesse ajudá-la faria com todo carinho e amor.

- Pois faço isso - disse Ofélia.

- Faz?

- Sim, a você.

- Como, se não a conheço? - perguntei curioso.

- Você ajudou meus filhos. Rogério e Aninha. Lembra-se deles?

Lembrei-me. Rogério e Aninha eram internos no orfanato. Dois irmãos que se queriam muito. Sim, eu era amigo deles. Incentivei-os a estudar, paguei para eles cursos de inglês, computação e profissionalizante. Quando Rogério fez dezoito anos, aluguei um apartamento pequeno para os dois, eles saíram do orfanato, continuaram a estudar e foram trabalhar. São excelentes pessoas, deram valor ao que receberam. Depois de algum tempo não precisei mais ajudá-los financeiramente, mas os visitava e os aconselhava. Os dois acreditavam que os pais haviam falecido. Olhei bem para Ofélia, ela não me pareceu ser capaz de abandonar os filhos.

- Eles acham que você morreu! - expressei-me decepcionado.

- José António, você está gostando daqui, melhora e faz sessenta e cinco dias que está conosco e nesse tempo não tem recebido visitas de amigos. Sabe que está num hospital onde não se aplicam medicamentos dolorosos. Não lhe parece diferente?

Ela tinha razão, mas se melhorava, para que saber. Fiquei curioso ao escutá-la e
indaguei:

- Por que abandonou seus filhos?

- Não os abandonei! Eu os amo! Eu morri e você também! Pronto, disse!

-Uuu...

Senti-me mal, com falta de ar e tremi de medo.

- Calma, José António! Tranquilise-se! Já faz dois meses e meio que morreu! Que desencarnou!

Fique calmo! - ordenou Ofélia.

Fui acalmando-me.

- E agora? - perguntei. - Vou para o inferno? Vou queimar pela eternidade?

- Claro que não! Vai continuar sua recuperação até ficar sadio e depois irá aprender a ser útil na espiritualidade.

- Estou com medo!

- José António, se você tivesse de ir para um local de sofrimento, já teria ido. Está aqui junto de pessoas que lhe querem bem. Aldo está ansioso para lhe dar um abraço.

Com um sinal de mão Ofélia chamou alguém. Vi Aldo sorrindo, vindo ao meu encontro.

Se já não estivesse morto, certamente morreria de medo. Ao vê-lo, tive a confirmação de que ela não mentira. Ele me abraçou.

- Palhaço Ton, que alegria vê-lo se recuperando. -Aldo, morri! Que tristeza! Vou ser julgado por Deus e ir para o inferno.

- Chega José António! - falou Ofélia enérgica. - Se continuar falando assim vou ficar brava com você. Aldo pacientemente me explicou que o inferno como eu acreditava não existia, mas sim lugares tristes para onde iam os que fizeram maldades. E que Deus não nos julgava, e não O víamos como uma figura, porque Ele é um espírito e está em todos os lugares e dentro de nós. Fiquei com medo, Aldo e Ofélia me tratavam com muito carinho. Compreendi que desencarnara e esforcei-me para me recuperar.

Dias depois estava bem e não tive mais receio. Recuperado, fui para uma outra parte do hospital fazer um tratamento, não seria na espiritualidade um homossexual. Com estudo, entendi que espírito não tem sexo, mas que o ser masculino ou feminino deixa reflexo no perispírito, e ao nos livrarmos desses reflexos, tornamo-nos seres humanos, é o que de fato somos. Soube do meu passado, de minhas vivências anteriores para compreender porque fui homossexual. Queria muito reencarnar e o fiz sem preparo. Sentia-me ainda muito feminino, mas animei um feto masculino.

Fora anteriormente muito preconceituosa, fiz por isso muitos sofrerem e infelizmente tive de aprender pela dor, sentindo o peso do preconceito para não o ser mais, aprendendo assim que somos seres humanos, filhos de Deus, criaturas rumo ao progresso. Nesse curso que fiz, ouvi muitos relatos, fatos que levaram espíritos a reencarnar sendo homossexuais. 

Um senhor que participava disse-nos que na sua encarnação anterior fora uma mulher e ela e o marido assassinaram o filho por ele ser homossexual. E as causas são muitas. Benditos aqueles que não são promíscuos! Quando aprendemos a viver na espiritualidade sem os reflexos do corpo físico, não sentindo fome, sede, necessidade de dormir, também deixamos de nos sentir masculinos ou femininos, para compreender que somos espíritos, seres criados pelo Pai para sermos felizes. 

Podemos aprender pelo amor, e esses ensinamentos sempre nos são oferecidos e, quando recusados, a dor vem nos impulsionar na nossa caminhada. O tempo passou rápido e fiz muitos amigos. Sou muito agradecido pelo socorro que recebi, quis ser útil. Trabalho não falta e o faço com entusiasmo e gratidão. Sou feliz!

José António
Explicação de Antônio Carlos

Repito que ao desencarnarmos somente nos acompanham nossos conhecimentos e nossas ações ou atos, bons ou ruins. Aqueles que voltam sem eles, retornam à pátria espiritual sentindo-se vazios, ocos, e essa sensação os faz sofrer. O erro de José António foi ser promíscuo e ele teve por conseqüência a AIDS. Se assim não fosse, ele ficaria mais tempo no plano físico e certamente desencarnaria sem precisar sofrer tanto, doente. O que o padre lhe disse foi o que aconteceu, resgatou com a dor da doença seus erros. E promíscuo são todos os que abusam, sejam homens ou mulheres. José António sofreu com o preconceito muito mais do que nos narrou.Preconceituosas são pessoas que não vêem uma trave no seu olho mas vêem bem na do outro, atiram pedras esquecendo-se de que também têm vícios e pecam. Esse convidado fez amigos, colecionou "Obrigados" e "Deus lhe pague". 

E muitos que se sentiram beneficiados por ele, foram sinceramente gratos e quando ele necessitou, retribuíram. As crianças do orfanato oraram por ele. Orações com gratidão produzem uma energia benéfica maravilhosa. Ofélia, uma mãe grata, tratou-o como filho do coração. Nesse relato fica claro que a amizade é um tesouro e que o amor cobre multidões de pecados. Mesmo sem pedir socorro ele foi socorrido. Outros pediram por ele, que fez por merecer. Amizade sustenta-se com compreensão e tolerância, e a fortalecemos quando fazemos aos amigos o bem carinhosamente e espontaneamente, e que às vezes nem notamos. Que bem precioso é a amizade


Paz a todos...

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