quarta-feira

Filho Adotivo II


II

CISMAS PROFUNDAS

— Ânimo, Antônia, confiemos nas Leis Divinas, estudaremos a situação e acharemos um modo de evitar que se casem, disse, confortando-a.

Após a refeição, voltaram à sala e conversaram animadamente por minutos, decidiram que Carla iria à festa com os irmãos. Paulo levantou-se.

— Volto ao escritório, vem comigo, Caio?

Despediram-se e Caio beijou carinhosamente a mãe.

Sérgio foi para o quarto estudar e Cana saiu eufórica para comprar o vestido para a festa.

Novamente Ofélia ficou só, em vez de fazer algo para se distrair como sempre — ora bordava, lia, ouvia rádio ou via televisão. - pôs-se a pensar.

“Era de família de poucos recursos financeiros.

Adolescente, a mãe morrera, depois de prolongada doença.

O pai, homem bom, mas triste, não se preocupava muito com as filhas, embora as amasse muito.Estudara até o antigo curso ginasial em escolas públicas,como as irmãs.Adolescentes começaram a trabalhar para se manter e ajudar nas despesas da casa. Seu pai ganhava pouco e não se interessava em melhorar, tornou-se mais apático ainda após morte da esposa. Zélia começou a namorar Odair, vizinho e de família amiga. Rosa conhecera Paulo no seu trabalho, falava dele o tempo todo, lembrava direitinho do entusiasmo dela falando dele.”

— É lindo, gentil e inteligente! O que me preocupa é que ele é de família rica, talvez os seus queiram moça melhor para ele. Meu coração bate mais forte só de lembrar o dia em que ele entrou na loja para comprar camisas. Nem acreditei quando ouvi o convite que me fez para sair com ele.

Após meses de namoro, todos estávamos curiosos por conhecê-lo e Rosa o trouxe em casa. Logo que o vi, percebi que Paulo era diferente, atraente e não Consegui tirar os olhos dele. Ele percebeu e também olhou-me.

Nunca me interessara por ninguém, tivera alguns namoricos sem importância. Paulo interessava-me e não estranhei, pareceu-me normal, que na tarde do outro dia ele estava a esperar-me na esquina da loja em que trabalhava.

Era balconista em uma pequena loja, Rosa e Zélia também,só que em lojas diferentes e a que eu trabalhava ficava distante da delas.

Cumprimentou-me sorrindo,dissera que estava passando por ali e resolvera esperar-me para conversar um pouco.

A intuição que tive era de que o conhecia há tempos,palestramos animados sem sequer tocar no nome de minha irmã. Paramos numa praça e não sentimos o tempo passar.

— Agora tenho que ir, disse-me, assustado com a hora.

Não combinamos outro encontro, mas com freqüência Paulo passou a esperar-me. Não contara a ninguém, porém comecei a me sentir culpada, principalmente quando Rosa começou a se queixar da indiferença do namorado.

Um dia, Paulo convidou-me para irmos ao cinema,onde confessou seu amor. Alegrei-me, senti que também o amava.

— Há Rosa, disse.

— Não há! Falarei com ela, sem dizer de nós, entenderá.

No outro dia, Rosa chegou em casa chorando, dizendo que Paulo desmanchara o namoro, porque amava outra. Zélia consolou-a, porém não consegui dizer nada. Rosa era meiga, simples e calma, nunca brigava. Ás vezes, Zélia e eu discutíamos e era Rosa quem nos acalmava. Entristeci ao vê-la sofrer, mas amava Paulo, amenizei meu remorso, pensando:

“Rosa é jovem, este amor passa logo, ela esquecerá, não adiantaria nada renunciar, ele me ama.”

Resolvi esquecer minha irmã e dedicar-me mais ao Paulo. Ver Rosa triste incomodava-me, então, evitei conversar com ela, nem querendo saber como estava. Conhecia-a e sabia que ela era fiel e que o amor que sentia por Paulo não era fogo de palha e que estava realmente sofrendo.

Encontrava-me com Paulo todos os dias, descobrimos que tínhamos o mesmo gosto, as mesmas opiniões,nunca discutíamos e eu o amava bastante.

Um dia, ao chegar em casa, Zélia esperava-me em frente de casa.

— Ofélia, até quando pretende esconder seu namoro com Paulo?

Você sabe?!

— Rosa contou-me, viu-os por acaso ontem. Por que fez isto, Ofélia? Rosa não merece, por que roubou-lhe o namorado?

— Não roubei ninguém, ele não a quis mais, nós nos amamos, aconteceu!

— Interessou-se logo por ele, não foi? Quando ele veio aqui, não lhe tirou os olhos. Deve ter dado em cima dele.Que coisa feia! Não se importa nem um pouco com o sofrimento de sua irmã. Você é má!

— Zélia, não se intrometa em minha vida, Paulo e Rosa tiveram um simples namoro e nós nos amamos realmente.

Entrei com raiva em casa, pensei que Rosa me pediria explicações, porém, ela nada disse. Passei a ignorá-las ficando em casa o mínimo possível conversando o indispensável e, como todos já sabiam, não escondi mais o namoro e Paulo ia buscar-me e levar-me em casa.

Zélia, numa cerimônia simples, casou-se, ficando Rosa e eu,e era eu quem pouco conversava,tratando Rosa rispidamente.

Paulo e eu nos amávamos muito. Nosso problema eram pais dele que sonhavam com um casamento diferente para o filho. Paulo era filho único, mimado, mas inteligente e trabalhador, tomava conta de uma pequena fábrica de confecções infantis de seu pai, enquanto este cuidava de uma propriedade rural.Não gostaram da escolha do filho, deixaram isso claro,sem contudo maltratar-me, relacionando-se comigo com frieza e reserva.


Resolvemos nos casar e vi o tanto que Paulo era teimoso,tão obstinado que fez os pais aceitar-me. Paulo deu-me dinheiro para que comprasse o enxoval e seus pais compraram compraram uma casa perto da deles e a mobiliaram. A casa era um encanto, pequena, com dois quartos e um minúsculo jardim.

Pela primeira vez, ia morar numa casa de minha propriedade. Meu pai não concordava com o casamento, mas não pôs objeção. Convidei Zélia e o esposo meu ex-patrão e a esposa para serem meus padrinhos.

Não gostava nem de ver Rosa e não a convidei para a cerimônia.

Meu casamento foi lindo, foi o dia mais feliz da minha vida. Ficara muito bonita no vestido que D. Ivone, minha sogra, me dera. Tudo correu bem e a ausência de Rosa não foi notada.

Nunca viajara e entusiasmei-me com os cinco dias que passamos em Petrópolis. Tudo era maravilhoso. Com capricho, arrumei nossa casa.Meus sogros tratavam-me bem,sabia porém que não me amavam. Eram loucos por crianças e não escondiam que queriam netos, que este era seu sonho e desejo. E logo as indagações começaram.

— Então, Ofélia, vai ser mãe? Vamos ser avós? Quando nos dará netos?

No começo sorria ao responder: “Não sei, logo, quando Deus quiser.” Depois começaram a incomodar-me e preocupei- me. Não engravidava e comecei a sentir medo das cobranças que eles me faziam. Paulo enervava-se com os pais e acabava por ofender-me ou então queixava-se.

— Que coisa! Parece que meus pais só pensam em netos.

Por que não engravida, Ofélia?Já é tempo de ter filhos.

Sabe, eu também sonho em tê-los.

— Eu também quero, não sei porque não os tenho.

Oito meses de casados e as brigas começaram. Meus sogros, principalmente D. Ivone, davam palpites em tudo em casa, ditando leis que deveria seguir e Paulo achava certo. Ele começou a agredir-me, acusando-me por não ter filhos. Vi com tristeza meu esposo afastar-se de casa, ficando muito na casa de seus pais.

Meu pai adoeceu e teve que sair do emprego. Rosa desdobrava-se para continuar trabalhando e cuidar dele.Zélia ajudava-os muito, eu pouco ia vê-lo. Minhas visitas eram rápidas, sabia das dificuldades dos meus, do pouco dinheiro que tinham, levava alguns mantimentos de casa para eles e algumas roupas.

Porém, estava mais preocupada com o meu problema, D. Ivone controlava-me em tudo e não tinha coragem de pedir dinheiro ao meu marido que cada vez me tratava mais rispidamente.

— Ofélia, marquei uma consulta para você amanhã, disse certo dia D. Ivone, que resolvera levar-me ao médico sem consultar-me.

“A senhora nada tem, foi à resposta deste e de mais três outros consultados.” Deveríamos esperar.

Papai piorou, além de seu coração fraco, contraíra tuberculose, não quis ser internado. Rosa largou o emprego e ficou cuidando dele com todo carinho. Odair fora transferido para Recife e Zélia a contragosto, mudou-se.

Mesmo sabendo da necessidade de ajudar Rosa a cuidar de meu pai, Visitava-os pouco, não demorando. O olhar de D. Ivone acompanhava-me incomodando-me. Meu pai morreu, Paulo acompanhou-me ao velório, chorei sentida,queria bem a meu pai, embora não o amasse. Estava mais triste pela minha situação e senti-me sozinha, sem família.

Após o enterro, Paulo deu-me uma quantia razoável de dinheiro para ajudar nas despesas e o dei a Rosa.

Ofélia, disse ela, não aceitaria se não tivesse que pagar tantas contas atrasadas. Zélia ajudou-me com pouco, coitada, nem pode vir ao enterro. Obrigada e agradeça a seu esposo por mim.

Passados uns quinze dias, Rosa veio pela primeira vez em minha casa, na hora que sabia que estaria sozinha.

— Que linda casa a sua, Ofélia. Alegro-me por vê-la tão bem. Não devo demorar-me, vou embora para Recife, vou morar com Zélia. Desfazer-me-ei da casa, quer algo como lembrança? Não?

Então não se importa de que venda tudo, não é? Vou na semana que vem. Despedir-se-á de mim?

— Sim, claro, respondi secamente.

Rosa logo se foi, senti alívio, não queria que descobrisse que não era feliz. Não fui me despedir dela. Soube de sua partida ao receber uma cartinha dela, despedindo-se.

Envolvida com meus problemas, com o afastamento e mudança de Paulo, com o desprezo de meus sogros, com o pesadelo de não engravidar, não liguei para minhas irmãs.Zélia desde que partira, escrevera-me uma só carta, que respondi friamente e Rosa não me escrevera mais.

Sem saber o porquê, as agressões diminuíram, Paulo parecia mais calmo, sentia que ele me amava, só que estava obsedado em dar netos aos pais. As cobranças de meus sogros escassearam e sentia-me culpada e infeliz.

Passaram-se os meses. Quantas vezes chorava e indagava o porquê de não ficar grávida, passei a esperar a gravidez com agonia, pressentindo que, se não tivesse filhos, seria o fim do meu casamento.

Estava no mês de junho, naquela noite Paulo estava inquieto, acabando por deitar-se cedo. Foi lá pelas vinte e três horas que ouvimos um choro. Sentei-me na cama para escutar melhor, e Paulo deu um pulo.

— É choro de criança, está ouvindo, Ofélia? Levantou-se rápido, colocou o roupão, foi direto para a porta da frente, corri atrás. Quando abriu a porta, vimos que o choro vinha de uma trouxa de roupas na soleira da porta, peguei-a com o coração aos saltos e vi com assombro que era uma criancinha enrolada num cobertor novo e grosso.

— Ofélia, uma criança! Entremos logo, está frio, coitadinho do menino!

Entramos e Paulo fechou a porta. A criança chorava, acalentei-a no colo, parou de chorar e desembrulhei-a.

— É um menino recém-nascido Paulo. Que faço?

— É nosso, Ofélia. Alguém nos deixou. Coitadinho, é tão pequeno! Acho que devemos colocar roupas nele e alimentá-lo. Também não sei o que fazer. Que tal chamarmos a mamãe?

Concordei com a cabeça, pela primeira vez não achara ruim chamar sua mãe. Num instante, Paulo vestiu-se e saiu.

Olhei a criança demoradamente, era linda, rosada, dormia tranqüila, agora nos meus braços, como se sentisse segura no meu lar. Aconcheguei-a e embalei-a.

— Coitadinho! - murmurei. Abandonado ao nascer,deixaram-no aqui, deram-no para nós.

Paulo tem razão, é nosso! É meu!

Logo, meus sogros chegaram, passamos a noite em volta do nenê. Estávamos todos contentes, animados, os pais de Paulo foram gentis comigo e desde então não mais me ofenderam.

— É lindo! Como se chamará? - indagou meu sogro.

— Papai, respondeu Paulo, sempre pensei que se tivesse um filho, daria o seu nome. Se o senhor não se importar, gostaria de colocar nele o nome de Caio Neto.

— Claro! Claro! Isto me deixa feliz, o garoto se chamará.

— Amanhã sairei e comprarei um enxoval completo, o que há de mais lindo para ele. Coitadinho, ainda bem que tinha em casa estas roupinhas que doaria às damas de caridade. Cainho é presente de Deus! Meu neto!

Todos concordaram com minha sogra, só mais tarde os fatos chamaram-me a atenção. De D. Ivone vir com Paulo com uma sacola de roupas, mamadeiras, tudo o que uma criança recém-nascida precisa, foi como se ela estivesse esperando-o.

Com medo de que alguém viesse reclamá-lo, não contei o fato a ninguém, nem para minhas irmãs e D. Ivone disse a todos, que meu filho nascera antes do tempo. Não sei o que pensou a vizinhança, quase não saía de casa e não fizera amizade com ninguém.

Minha sogra comprou roupas para ele, tudo limpo e chique, e Caio encantava a todos nós. Passava os dias a cuidar dele minha sogra arrumou uma empregada para ajudar-me e uma nova vida para mim começou. Paulo voltou a ser gentil, a ficar em casa, meus sogros não implicavam mais comigo e o garoto era nosso reizinho.

— Você, Caio, é a razão de minha felicidade, tudo está certo agora e graças a você, menino lindo!

Caio sorria feliz, como se me entendesse. Ele sempre foi dócil, meigo e crescia lindo e saudável. Não gostava nem de lembrar que não era meu.

Filho é de quem cria! - pensava sempre. Peguei-o, é meu, só meu!

Quando fez um ano que Caio estava conosco, percebi que estava grávida, com a confirmação do médico, contei a todos, muito contente. Meus sogros ficaram felicíssimos, dávamo-nos muito bem, esquecemos todas as desavenças do passado, queria bem a eles e agora sentia que me amavam.

— Meu sonho era ter muitos netos. Que bom, minha filha, abraçou-me o Sr.Caio.

Paulo não participou de nossa alegria, ficou quieto num canto, ao ficarmos a sós com ele, indaguei:

— Não gostou da notícia, querido?

— Gostei, Ofélia, mas penso em Caio, é nosso também, você amará igualmente aos dois?

— Caio é nosso filho. Nosso primeiro. Amo-o tanto,nunca vou deixar de querê-lo.

Serão iguais para mim.

— Verdade? - exclamou contente, amará igual sempre?

Prometa-me! Que bom esta casa se encherá de crianças e Caio terá um irmãozinho ou irmãzinha. Amo-a tanto, Ofélia!

Nasceu Sérgio, tudo era paz em casa, não se fez diferença, as crianças eram amadas e bem cuidadas. Até esquecemos que Caio era adotivo, nunca mais falamos sobre este assunto.

Das minhas irmãs, sabia pouco, trocávamos cartões de aniversários, natais, com alguma notícia.

Uma vez, Paulo tendo de ir a Recife a negócios,convidou-me para ir junto, meus sogros se ofereceram contentes para ficar com as crianças.

Minhas irmãs acolheram-me com carinho e atenção.

Moravam em um modesto apartamento. Zélia não podia ter filhos, falara nisso com tristeza, entendera lembrando de quanto sofrera por este motivo também. Rosa continuava solteira e não demonstrava vontade de se casar.Conversamos animadas, comentando episódios de nossa infância e juventude. Lembramos então, das nossas despedidas e de quanto tempo fazia que não nos víssemos.

Estremeci quando Zélia corrigiu-me.

— Não, Ofélia, engana-se, Rosa veio para Recife em julho e não em abril.

Sorri, nada respondi, achei estranho, lembrava bem as datas. Logo Paulo viera apanhar-me, hospedamo-nos num hotel, ficamos por mais dois dias em Recife, não voltei mais a casa delas, regressamos sem nos despedir.

Começaram, então, a encaixar-se como um jogo de montar as partes da história. Meus sogros aceitaram logo e com amor a criança que deixaram em nossa porta, Paulo naquela noite parecia esperá-lo. Disse “menino” ao vê-lo, como sabia? Rosa viajara no começo de abril e só chegou a Recife em julho, onde estivera minha irmã nesses meses?

Por que se ocultou?

Tudo estava claro, Caio era filho de Paulo e Rosa.

Sabiam Paulo e seus pais que a criança seria deixada naquela noite e sabiam que era um menino. Chorei muito, entristeci, pensei bastante e resolvi fingir que não sabia que não descobrira. Se Paulo a traíra, voltara para ela, ficara com ela, amava-a muito, sentia isso. E Rosa, se tivera o filho e o abandonara, não era mais dela. Estando tudo certo, deveria esquecer e tudo continuar como estava. Procurei não pensar mais no assunto e Continuei a ignorar as irmãs mal respondendo suas cartas e cartões.

Paulo era muito trabalhador, seus negócios progrediam, vivíamos em paz e felizes e para completar nossa alegria, veio Carla.

Quando meu sogro morreu, Paulo herdou toda a fortuna da família vendeu a fazenda, ampliou suas fábricas,triplicou seus bens. Compramos aquela casa em que morávamos, longe de onde residíamos, e nossas amizades passaram a ser outras pessoas. “Nunca mais se comentou a adoção de Caio, este não sabia e ninguém mais além de minha sogra, Paulo e eu.” Ofélia parou de pensar, falou baixinho:

— Não mostrarei esta carta a ninguém, responderei dizendo que é impossível no momento recebê-las. Mas, ajudarei mandando dinheiro, isto é tão fácil para mim. Dinheiro não nos falta, e Paulo não me nega nada.

Ofélia ficou olhando para a carta, continuou a pensar.

“Tenho ciúme de Rosa, sim, tenho! Está bonita, perfeita,poderá chamar a atenção de meu marido. Paulo tudo tem feito para ser bom esposo, e é. Vivemos como irmãos há tempos. Sinto que tem outras mulheres, mas é reservado, nunca soube nem deu escândalo. Aceito e compreendo, não tenho ciúme, amo-o de forma diferente agora, sem posses.

Mas, Rosa amou muito Paulo, conhecera-o primeiro e fui eu quem os separou. Minha doença ensinou-me muito,entendi que errei tomando-o dela, mas, também perdoei a traição de minha irmã. Quando fiquei paralítica, passei a escrever mais para elas, nunca, porém convidava-as para vir visitar-nos. Alguns anos antes, Caio foi para os Estados Unidos com Paulo, mandei Sérgio e Carla passarem uns dias com elas, para conhecê-las. Adoraram as tias. Deixei porque Caio não poderia ir. Não o queria perto de Rosa.

Embora sentisse ciúme de Paulo, não era com ele que me preocupava e sim com Caio. Será que vivendo sob mesmo teto, o amor materno de Rosa não viria à tona? Será que não iria querer Caio para ela? Não e não! Caio era meu e não queria Rosa perto dele!”

Pegou o bordado, suspirou triste, estava amargurada com a solução que tomara em relação às irmãs.

— Amanhã responderei! - exclamou alto.

Antônia estava emocionada, voltou-se para mim e disse:

— Como vê, Antônio Carlos, Ofélia é boa, no íntimo sente que está sendo injusta, sofre. Suas conclusões não são verdadeiras, Rosa não é mãe de Caio, esta nunca traiu a irmã, ela é tão boa quanto Ofélia. Sou eu, amigo, sou eu a mãe de Caio!

 Médium: Vera Lúcia M. Carvalho
Espírito: Antônio Carlos

abçs,

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