sexta-feira

Eutanásia


Em Denville, perto de Nova Iorque, no St. Clare's Hospital, a jovem Karen Ann Quinllan, de 21 anos, mantinha-se com a vida desde 1975 pelo efeito de um aparelho de respiração artificial e da alimentação parenteral que lhe era oferecida. Ela estava totalmente inconsciente, há meses, logo após ter tomado várias doses de gin, misturadas com psicotrópicos. Por rápidos instantes, ela conseguia respirar sem o aparelho e seu cérebro, segundo revelou o eletroencefalograma, estava funcionando. Mas esse funcionamento era precário, ela não se mexia, não enxergava, não falava, tendo uma vida inteiramente vegetativa. 
Karen estava, por assim dizer, 9/10 morta 1/10 viva, porém viva artificialmente. Os pais da jovem pediram à justiça ordem para desligar os aparelhos. Enquanto aguardavam a decisão, F.E. ouviu o psiquiatra dr. Alberto Lyra que foi de parecer favorável ao desligamento e o médium que foi contra. Na opinião de Chico Xavier não se devem retirar os aparelhos.

MN - Chico, como analisar a eutanásia? 
Temos no Evangelho Segundo o Espiritismo, o capitulo V, item 28 que trata do assunto: um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos, sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?
A resposta foi trazida pela entidade que se deu a conhecer como sendo São Luiz, um dos orientadores espirituais do Codificador da Doutrina Espirita, e ela está datada de 1860 em Paris. 
"Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Nâo pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões?" 
MN - No caso específico de Karen Ann, a jovem americana que vive em estado vegetativo, apenas sustentada por aparelhos médicos especiais. Qual o conselho que você daria a seus pais? 
Primeiramente, não nos seria licito discutir um caso que tem suas implicações legais num outro pais que não o nosso. As leis dos Estados Unidos da América do Norte proíbem que se retire do agonizante os apetrechos capazes de manter-lhe a vida. Portanto, vamos respeitar as leis dos nossos irmãos norte-americanos. 
Em segundo lugar, aconselhariámos tranqüilamente aos pais que acatassem esses dispositivos porque a nação americana está dando um grande exemplo de respeito à vida humana. 
Pessoalmente, acreditamos que se a vida da nossa irmã está sendo prolongada e considerada como inexistente em nosso plano físico, espiritualmente, ela está em uma condição anômala que caracterizaria perfeitamente o seu estado do ponto de vista da vida espiritual, no corpo perispiritico, enquanto não retorna inteiramente à vida normal. Portanto, acreditamos que o agonizante mesmo quando se encaminha para a desencarnaçâo está na posição em que fatalmente estaria no outro lado da vida se partisse numa condição de prematuridade. Do modo que consideramos o caso como sendo muito normal do ponto de vista do espirito, da existência imperecível de nossa alma. 
Nossa irmã encaminha-se para uma outra vida e está se preparando para ela, tanto quanto nós todos na condição de pessoas detentoras de saúde aparente. Agora, devemos aceitar as leis de nossos amigos norte-americanos porque elas estão provando que temos nações que respeitam a vida do indivkluo e que nós como indivíduos devemos confiar em nossas leis. 
O Supremo Tribunal de Nova jersey determinou em 1976 que os aparelhos fossem desligados. De fato, isso ocorreu, todavia Karen Ann Quinllan permaneceu no Hospital Morris em vida vegetativa, por mais dez anos, sem o auxílio de aparelhagem, apenas com a ajuda de uma sonda gástrica. 
Fonte : “Lições de sabedoria” - Marlene Nobre 
Paz a todos...

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