quarta-feira

O Voo da Gaivota II



Assumindo uma Tarefa

Encarnados nossas ações estão condicionadas a um fim pessoal, qual seja a aquisição monetária ou um diploma que nos habilitará a exercer funções bem remuneradas entre nossos companheiros de caminhada. Aqui, no Plano Espiritual, para aqueles que compreendem e vivem a unidade do Universo, trabalhar ou estudar não significa oportunidade de remuneração pessoal, mas sim ocasião propícia para não ficar à margem da evolução. 

A beleza da existência está na sua dinâmica atividade. Ela nunca é monótona. A vida se parece com imenso rio que, apesar de estar no mesmo lugar, nunca é o mesmo, pois se renova a cada segundo. Nossa personalidade é, por natureza, ociosa.

Se não acordarmos para uma melhoria em nossa maneira de ser, correremos o risco de ver o rio da vida passar e ficarmos à sua margem, perdendo a oportunidade de irmos juntos daqueles que com ele caminham rumo ao infinito.

Aceitar novas incumbências de trabalho, de maiores responsabilidades, é motivo de alegria para todos nós que desejamos participar, em nome de Deus, da manutenção e do progresso de todos os seres humanos. Fui chamada a lecionar num curso de Reconhecimento do Plano Espiritual, no qual a professora titular, Marcela, se ausentara porque havia também aceitado incumbência de trabalhos superiores.

Apesar de feliz por ter sido lembrada, e radiante por me sentir útil, não pude deixar de ter momentos de preocupações, pois estariam vários espíritos sob minha responsabilidade.

Como de outras vezes, fui em busca de conselhos de meus amigos. Ao ver Maurício, dirigi-me alegre ao seu encontro. Meu amigo sorriu. Como é agradável vê-lo assim. Sempre me lembro de seu doce e confiante sorriso. Respondeu aos meus anseios, tranqüilo, transferindo-me belos ensinamentos.

- Patrícia, como começa o aprendizado de um professor universitário na Terra? 

Nos primeiros anos escolares, aprende as primeiras letras. Estudioso, cursa todas as séries exigidas.Um dia, a escola terrena dá por encerrados seus estudos e o classifica apto a lecionar - às vezes até na própria escola em que se preparou. Se for sensato, reconhecerá, com certeza, que sabe apenas "o razoável" do assunto em que se especializou e, então, continuará estudando a vida toda. Mas o conhecimento adquirido é patrimônio seu, conseguido por seu esforço. 

Querendo lecionar, pode e deve fazê-lo, porque muitos nem têm este saber que você considera moderado.

E felizes os que passam aos outros seus conhecimentos.

Quantos se indagam: terei capacidade de lecionar? Se têm conhecimento da matéria em questão, terão capacidade, sim. Aqui também é assim. Todos temos que aprender para saber. Que tristeza seria sentir que não há mais nada para aprender. O aluno não deve ficar muito tempo na mesma série. Seu estudo deve render até que passe de aluno a mestre. Tenho acompanhado seus estudos: você aprendeu com amor e já está apta a ensinar o que adquiriu.

- Mas, Maurício - insisti -, e se não estiver?

- Está! O que pensa você que é um instrutor aqui no Plano Espiritual? É somente um espírito dedicado, estudioso, que começou seu aprendizado como todos. Não se deve ser avaro de conhecimentos, não se julgar incapaz e nem ser presunçoso com o que pensa saber.

Necessário e indispensável é o bom senso; porque através dele temos a exata medida de nosso cabedal, sem entretanto chegar à vaidade. Depois, Patrícia, não se devem querer sumidades para ensinar, mas sim querer os que transmitem com amor os conhecimentos que possuem.

Se a chamaram, é porque a julgam apta. Aqui não existe o "jeitinho" que leva muitos a terem cargos imerecidos. Depois, os cursos vêm prontos à sua mão. E verdade que terá de responder a muitas questões. Confio em você. Aceite o encargo e tire bom proveito da experiência.

Também fui conversar com vovó Amaziles. Gosto muito de visitá-la e a suas amigas, de suavizar a saudade que sinto da casa em que moram e que foi minha primeira acomodação, após a desencarnação. Após os abraços, falei da minha dúvida.

- Patrícia - respondeu vovó -, esse curso é muito importante. Nele se aprende muito do Plano Espiritual, na teoria e na prática. Aquisição teórica ou intelectual são apenas arquivos de informações e conhecimentos. As excursôes feitas durante o curso são a vivência do fato. Com compreensão, todo aquele que viveu sabe como tomar a melhor atitude diante de cada problema.

A intenção do curso é que todos que o freqüentem, tenham esta compreensão. Pois somente a vivência desses fatos ou conhecimentos será transmitida às nossas células perispirituais e, conseqüentemente, impressionará as células físicas. E, quando reencarnarmos, essas vivências aflorarão em nossa mente como dom nato ou como mente inconsciente.

Aceite, você é capaz! Você tem estudado tanto! Coloque em prática o que aprendeu e ainda aprende.

De Antônio Carlos, ouvi:

- Não fazer, por julgar-se incapaz, não é aceito como desculpa nem aqui no Plano Espiritual, nem como encarnado. Se não é, torne-se. Todos somos capazes. Principalmente, se não nos é exigido o impossível. Agiu certo, de modo prudente, consultando os amigos. Quando nos sentimos inseguros, devemos pedir opiniões a amigos que consideramos, e por quem somos considerados.

Com as sugestões recebidas, devemos então optar pelo que é melhor para nós mesmos e para os outros. Não é certo fazer o que não somos capazes, no momento. Às vezes, imprudentemente, prejudicaremos a nós e aos outros, fazendo algo por ambição, poder e vaidade.Não é o seu caso. Aceite e lembre-se:aprendemos muito mais quando transmitimos conhecimentos.

Também me aconselhei com papai e dele recebi preciosa lição.

- Filha, a vida sabe melhor o que é bom a cada um de nós.Estamos sempre sendo convidados a assumir alguma tarefa. Para mim, o melhor lugar é aquele em que somos mais úteis.Ao esquecermos de nós mesmos, vivendo entregues ao bem alheio, criamos condições para que Deus possa agir através da nossa humilde personalidade. E, nunca se esqueça, tudo o que fizer,faça bem feito.

E, ali estava eu, numa sala de estudo, ministrando uma aula sobre as Colônias. Sentindo-me perfeitamente à vontade. A sala apresentava-se muito agradável. Talvez não tivesse para os outros, a mesma beleza vista por mim.

"Lugar de ensino deve ser um lugar diferente. O local onde se aprende precisa ser respeitado como um templo", dissera uma vez um amigo.

Concordava com ele. Todas as escolas deveriam ser educandários, que preparam para a vida útil. A classe era pequena, tinha uma lousa e mesinhas confortáveis, e duas grandes janelas com vista para o jardim que contornava a escola. O que a tornava tão agradável para mim era que ali nos reuníamos para estudo. E aprender ensinando me fascina.

- Por que esta Colônia tem o nome de Vida Nova? - perguntou Terezinha.

- Todas as Colônias, Postos de Socorro, Casas de Auxílio têm uma designação pela qual são conhecidas. É como na Terra, onde todos os lugares têm nome. Quando esta Colônia foi fundada, um dos seus idealizadores lhe deu este nome, na esperança de que todos que viessem para cá tivessem realmente um reinício de esperança e mudanças para melhor, o que os levaria a uma vida nova. Daí o nome.

Os vinte e dois alunos prestaram muita atenção, e depois voltaram para as suas tarefas: descrever a Colônia que os abrigava.

A Colônia Vida Nova fica no Plano Espiritual de uma cidade rasileira, pitoresca e de porte médio. É linda! Que interessante é o amor incondicional. Quanto mais uma mãe olha seu filho, mais o acha bonito, não importando quantas vezes o faça. Assim acontece comigo. Todas as vezes que chego a uma Colônia, esta é para mim maravilhosa. Emociono-me e alegro-me. Como é agradável estar no convívio de uma cidade no Plano Espiritual.

E, assim, a aula transcorria tranqüilamente.


continua...
abçs,soninha

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