quarta-feira

Violetas na Janela XIII


XIV

VISITA EM CASA


Vovó me disse que logo poderia visitar meus familiares. Aguardei toda contente.

Estava muito bem e feliz. As recomendações foram muitas. Em casa, vovó e suas amigas falaram por horas.

—Patrícia, você em sua casa deve ficar alegre o tempo todo.

—Lembre-se de que o lar é onde existe amor, o carinho de vocês não acabou.Continua o lar terreno sendo seu, só que não é para morar mais lá.

—Mesmo que sentir vontade de ficar, não deve. Irá somente visitá-los. É aqui o seu lugar. Amamos você e a queremos aqui. Etc...

Tudo que se espera chega. Chegou o dia tão aguardado de ir visitar meus familiares.Acompanhariam-me Artur, Maurício, Frederico e vovó. Não pude deixar de pensar se não eram muitas pessoas para ir comigo a uma simples visita. Maurício, como sempre lendo meus pensamentos, esclareceu:

—Sua avó vai porque quer prazerosamente acompanhá-la na visita à família. Eu vou porque sou responsável por você, Artur e Frederico vão porque querem estar com você desfrutando desta alegria.
—Vamos, Patrícia —, disse Artur, alegre como sempre.

—Não vai me recomendar nada? — indaguei.

—Não — riu. —Não acha que já escutou demais? Depois, com tantos acompanhantes, não duvido que seja você a nos orientar.

Rimos, mas estava ansiosa. Caminhamos para um dos portões.

Artur — perguntei —, são todos os moradores e hóspedes que podem visitar seus familiares?
—Não, são poucos os que podem usufruir deste prazer. Tudo por falta de preparo e entendimento tanto dos desencarnados quanto dos encarnados. Os desencarnados moradores são os que já trabalham, os que são úteis. Os hóspedes da Colônia são os que estão em adaptação. Para visitar a Terra, necessitam estar aptos, conscientes da desencarnação, dos problemas dos familiares. Têm que ter total conhecimento que estão a visitá-los.Estas visitas também têm que ser com os encarnados conformados, sem o perigo de eles seguraram  o desencarnado. Não podem usufruir destas visitas se tiverem uma leve perturbação. Muitos querem, poucos podem. A Colônia São Sebastião tem três portões. São grandes, há neles três aberturas para os aeróbus passarem. Agre-se o portão inteiro, ou outra abertura de um tamanho médio e uma porta. São controlados por aparelhos de que os encarnados não têm ainda conhecimentos.

Estes aparelhos medem a vibração de quem deve passar por eles. Também há trabalhadores que guardam os portões. As Colônias não são idênticas, não são todas iguais, porém todas têm as mesmas bases, já que seus objetivos são os mesmos: servir de moradia provisória a desencarnados. Na Colônia São Sebastião, os portais , ou portões, são muito bonitos, são dourados clarinho com lindos desenhos em relevo,principalmente
de flores.

A porta foi aberta e a atravessamos. Vi os muros. Toda a Colônia é cercada, ou murada; expressões, nomes dados não alteram. Ela é cercada por uma energia, força magnética, só é possível entrar e sair das Colônias pelos portões. Este muro, parede que a cerca, é do mesmo material que é feita toda a Colônia. Sendo assim, são poucos os desencarnados que podem atravessar esta muralha. Também há esta energia magnética que a impede de entrar desencarnados que não podem ir à Colônia. Irmãos estes enraizados no mal e com intenções mesquinhas. É bonita a muralha. Cheguei perto, toquei-a, olhei para cima, não vi seu final. O muro é constituído até certa altura, depois só fica a energia magnética que envolve toda a Colônia. Para ver a Colônia necessita-se vibrar igual, muitos espíritos ignorantes no mal não a acham, não conseguem vê-la.

Meus três acompanhantes ficaram me observando enquanto olhava tudo curiosa.

—Artur, — indaguei — sempre tive a curiosidade de saber o que acontece se um avião passar por aqui.

—A Colônia fica longe do espaço onde passam aviões. Está bem mais alta. Mais alguns Postos de Socorro estão localizados no espaço onde podem passar aviões. Estes podem passar pelos Postos e não acontece nada. Colônias e Postos não são matéria bruta, mas sutil.

—E os foguetes, as naves espaciais?

—Não nos causam danos. Mas as Colônias não são imóveis, podem pela força mental dos que as sustentam mudar de lugar, se houver necessidade.
—Vamos, falou Frederico sorrindo.
Demos as mãos. Sabia volitar, mas seria a primeira vez que volitaria rápido e em grande distância. Deram as mãos para me ajudar. Quando grupos saem, não se dão as mãos, a não ser se há algum inexperiente como eu.

Viemos tão rápido, questão de minutos, que não deu para ver nada, descemos no quintal de minha casa.
 
—Entremos — convidou Artur.

—A porta está aberta, mas se você quiser, Patrícia, pode atravessar a parede —vovó explicou.

—Depois — respondi.

Mamãe estava sentada no sofá da sala fazendo crochê, estava mais magra. Olhei-a demoradamente. Amo-a demais. Fiquei parada na sua frente. Vovó falou carinhosamente.

—Venha, abrace-a e beije-a.

Aproximei-me de mansinho, beijei sua mão, seu rosto. Tendo consciência que se é desencarnado, nota-se muitas diferenças ao aproximar-se de um encarnado. Fui pegar nas mãos de mamãe, as minhas atravessaram as dela. Beijei seu rosto devagar, emocionei-me. Sempre dei valor a tudo que tínhamos, não em exagero. Sempre fui grata a tudo que tive e cuidei dando valor a cada objeto. Ver a casa, meu lar como sempre, dei graças ao Pai. Sempre tive muito mais que merecia. Senti vontade de chorar ali na frente de minha mãe,esforcei, levantei e refugiei-me nos braços de vovó.

—Agora — Artur disse me animando — vamos ver a Carla, depois vamos ao sítio para que veja seu pai e seu irmão.

—Você vai volitar ao nosso lado, vamos devagar — disse Maurício.

Os fluídos da Terra são bem mais pesados que os da Colônia. As Colônias têm boas vibrações, porque lá não há maldades. Na Terra, são mentes boas e más a vibrar. Muitos desencarnados das Colônias e Postos de Socorro ao voltar à Terra pela primeira vez sentem sufoco, tonteira, ligeiro mal-estar. Nada senti, estava sustentada pelos amigos que me acompanhavam.

Volitamos, fiquei no meio, mas sozinha. Ver a cidade de cima, voando, é bem agradável. Chegamos à casa de Carla, abracei-os, ela e meu cunhado Luiz Carlos, minha irmã logo daria à luz ao meu tão esperado sobrinho. Depois fomos ao sítio. Como é agradável volitar no campo,ver as árvores, as plantações e animais. Vi Juninho trabalhando, dei-lhe um forte abraço. Fui até meu pai, beijei suas mãos e o agradeci. Papai pensava em mim, mandava seus costumeiros incentivos. Beijei-o e abracei-o.

Olhei para nossa casa do sítio.

—Posso, agora, passar pela parede?

Com a afirmativa, fui em direção á casa, mas perto da parede parei.

—Como faço?

—É simples, pensa que o fará e faça.

Realmente é simples, passei diversas vezes pelas paredes e portas.

—Patrícia, vamos até a casa de sua tia Vera? Talvez, se tudo der certo, poderá você mesma ditar uma mensagem a sua mãe — Artur falou contente.

—Transmitir uma mensagem? Pela psicografia? Mas eu não sei!

—Aprende — Maurício respondeu calmamente.

“Como será ditar uma mensagem”, pensei. Curiosa dei a mão a eles e volitamos rápido.

continua...

bjs,soninha


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